O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou o antigo chefe de Estado general Ramalho Eanes com o grande-colar da Ordem Militar de Avis, durante a cerimónia do 10 de Junho em Lagos. 

Na cerimónia militar do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, falaram o Presidente da República e a escritora e conselheira de Estado Lídia Jorge, que preside à comissão organizadora destas comemorações. 

Marcelo lembrou a passagem de vários povos em Portugal. «Não há quem possa dizer que é mais puro e mais português do que qualquer outro. Os portugueses são experientes, resistentes, criativos, heróis nos momentos certos, capazes de falar línguas, de entender climas e usos, de conviver com todos, de construir dia a dia pontes. Nós somos portugueses, somos universais. E somos universais porque somos portugueses», disse o Chefe de Estado.

Também a escritora deixou uma crítica à ascensão dos extremismos. «Consta que em pleno século XVII, 10% da população portuguesa teria origem africana. Esta população não nos tinha invadido. Os portugueses os tinham trazido arrastados até aqui. E nos miscigenámos. O que significa que por aqui ninguém tem sangue puro. A falácia da ascendência única não tem correspondência com a realidade (...) Cada um de nós é uma soma. Tem sangue do nativo e do migrante. Do europeu e do africano. Do branco e do negro. E de todas as outras cores humanas. Somos descendentes do escravo e do senhor que o escravizou.»

(em atualização)