Durante três anos, o silêncio reinou em torno de Roman Abramovich. Desde que o oligarca russo foi forçado a vender o Chelsea, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, retirou-se completamente da vida pública. Agora, numa entrevista exclusiva ao Daily Mail, veio falar e deixou claro que não volta ao futebol. Pelo menos não como proprietário.

O multimilionário explica que ainda ama o Chelsea, mas que o seu tempo no clube terminou. «Talvez um dia haja uma situação em que eu possa assistir a um jogo e despedir-me adequadamente, mas nada mais», sublinhou, reforçando: «Não tenho interesse numa posição em clube de futebol algum, e muito menos num cargo profissional.»

O russo, que comprou o clube em 2003 por 140 milhões de libras (cerca de 165 milhões de euros, ao câmbio atual) e deu início a uma era dourada com cinco títulos da Premier League e duas UEFA Champions League, foi sancionado pelo governo britânico após o início da guerra. Foi acusado de ter ligações estreitas com o presidente russo Vladimir Putin, algo que sempre negou.

Já em 2022, Roman Abramovich esteve nas manchetes dos jornais. Após o início da guerra, esteve sob pressão não apenas como proprietário, mas também alegadamente como vítima de envenenamento. Segundo uma investigação dos jornais The Wall Street Journal, Der Spiegel e da plataforma Bellingcat, Roman Abramovich apresentou sintomas de envenenamento após as negociações de paz em Kiev: vermelhidão no rosto, dor nos olhos e pele a descamar.

«Durante várias horas, não consegui ver nada», terá dito Roman Abramovich, de acordo com o The Guardian. A investigação oficial nunca foi concluída e muitas perguntas permanecem sem resposta.

O novo livro de Nick Purewal, intitulado Sancionado: A história da venda do Chelsea por dentro, agora retrata Roman Abramovich como alguém intensamente envolvido nos bastidores das negociações de paz — mesmo um dia após o seu possível envenenamento.

Sem interesse nos jogos de poder do futebol

Na entrevista, o oligarca sublinha que já não tem ambições de ser dono de um clube. «Com isso, terminei nesta vida», afirma. A única exceção são os projetos para jovens. «Talvez possa ajudar academias e jovens, dar melhores oportunidades a pessoas de origens humildes», acrescenta Roman Abramovich.

Mas um regresso como dirigente foi descartado. E quando questionado sobre a possibilidade de ser alguém a puxar os cordelinhos nos bastidores respondeu secamente: «Os cães ladram, mas a caravana passa.»

Quase 3 mil milhões congelados

O produto da venda do Chelsea — perto de 3 mil milhões de euros — está, desde então, congelado numa conta britânica. Roman Abramovich comprometeu-se a doar o dinheiro a instituições de caridade, mas permanece incerto quando tal ocorrerá.