
Esperava-se um grande duelo e o embate teve, sem dúvida os seus momentos, porém, apesar de algumas jogadas de puro génio, tudo o que Novak Djokovic foi tendo, a partir de certa altura, mais do que os outros, na carreira, falta-lhe agora perante Carlos Alcaraz (e Jannik Sinner).
O sérvio, antigo número 1 mundial e um dos melhores da história, senão mesmo o melhor – ainda que nunca tenha reunido o mesmo número de fãs que Roger Federer ou Rafael Nadal reuniram –, tinha avisado que se queria interpor entre espanhol e italiano, na final mais desejada pelo público. E, aos 38 anos, lutou. Ripostou. Tentou apanhar a bola mais cedo, obrigar o adversário a correr e a não disparar as habituais direitas fortíssimas, todavia, não chegou. Já parece quase impossível que algum dia volte a ser líder do ranking ou a ganhar um Grand Slam, sem que algo aconteça aos dois do topo da tabela ATP.
Nole perdeu logo de entrada o seu serviço, o que encaminhou Alcaraz para o triunfo no primeiro set. O sérvio tentou o contra-break, não conseguiu, mas não desistiu. Quis devolver a gracinha, mas o número 2 mundial não vacilou. Triunfou mesmo por 6-4.
O segundo parcial foi ainda mais equilibrado e Djokovic conseguiu mesmo o que até aí tinha sido muito difícil de alcançar: a vencer por 1-0, no primeiro serviço do murciano, fê-lo quebrar. Chegou ao 3-0, no entanto, permitiu depois que o rival entrasse no resultado. Do 3-1 ao 3-3, com novo break forçado por Alcaraz, foi um instante, e a partida encaminhou-se para um tie-break, em que o sérvio já não é tão fiável como antes. Com menos erros, também fruto de um postura anti-risco, o tenis de Murcia fechou o desempate em 7-4 e o set em 7-6, e colocou o encontro em 2-0.
Aí, o Djoker percebeu que a montanha tinha crescido ainda mais. O saldo de Carlitos, em Grand Slams, depois de estar a vencer por dois parciais a zero era… 52-0. As hipóteses eram diminutas.
Mais cansado, o break no serviço de Novak - o primeiro saque nunca esteve com ele esta sexta-feira - chegou ao quarto jogo, na sequência de uma dupla falta. Com 3-1 no marcador, a servir para 4-1, a confirmação do mesmo por parte de Alcaraz veio logo depois. O sérvio ficou praticamente em KO técnico, como se verificaria pouco tempo depois. O 6-2 da terceira partida confirmou o ponto final no encontro, ao fim de quase duas horas e meia de jogo.
Carlos Alcaraz foi mais forte e segue para a final do US Open, ficando à espera do vencedor do duelo entre Jannik Sinner e o canadiano Felix-Auger Aliassime. O espanhol vai lutar pelo seu segundo título em Flushing Meadows, depois do triunfo de 2022, diante do norueguês Casper Ruud, que então lhe garantiu o estatuto de mais jovem número 1 mundial da história. Aguentou esse título durante 20 semanas, até janeiro do ano seguinte, por fruto de problemas físicos que o fizeram faltar a torneios.
Na final, Alcaraz poderá ter o número 1 mundial, a quem já venceu por 9 vezes (contra 5) ou o 27.º da atualidade, com o qual também apresenta saldo positivo: 4-3. O público de Nova Iorque, todos sabemos quem espera.