
É já na terça-feira, dia 9, que o livro de Octávio Lousada Oliveira, 'Capitão de Abril', chega às bancas. A obra, a que Record teve acesso, centra-se sobretudo na campanha eleitoral de 2024 que conduziu André Villas-Boas à presidência do FC Porto, passando ainda a pente fino este seu arranque na liderança do clube. E há um excerto que revela como o atual presidente tentou logo no dia seguinte ao das eleições, no clássico com o Sporting no Dragão (2-2), a 28 de abril, enterrar o machado da guerra que travou com Pinto da Costa na campanha, embora sem sucesso.
"Pese embora, por telefone, Pinto da Costa tenha lançado o repto ao sucessor para se juntar a ele na tribuna presidencial, Villas-Boas garantira na véspera - quando ainda esperava por um contacto do líder cessante - que iria ocupar o seu lugar cativo. Não podia dar o dito por não dito. Ainda assim, propôs uma solução intermédia: iria ter com Pinto da Costa ao camarote presidencial, desceriam juntos até ao campo e no centro do relvado dariam um abraço. Um símbolo de pacificação e de união para virar a página de uma campanha sangrenta. Sem grandes explicações, o ainda presidente recusou. As tentativas de aproximação, de uma e de outra parte, terminaram nesse domingo de manhã", lê-se.
Na verdade, esse abraço público foi apenas adiado para o dia 1 de maio, quando AVB subiu da bancada à tribuna presidencial do Dragão Arena, durante um jogo de voleibol feminino. E foi repetido no Jamor, na final da Taça de Portugal de futebol, mas nem aí trouxe a paz desejada.
EXCERTOS DO LIVRO
"Pinto da Costa remetia-se ao silêncio. Só telefonou ao vencedor na manhã seguinte, aproveitando a ocasião para o convidar para assistir na tribuna presidencial ao FC Porto-Sporting dessa noite, que terminou empatado 2-2. Pela lista B, coube a Vítor Baía reconhecer a vontade de inversão de marcha expressa nas urnas."
"Fernando Gomes terá sido o único responsável portista solícito na passagem de pasta. Com o até então administrador financeiro terão ocorrido várias reuniões, sobretudo naquele conturbado período em que a direcção de Villas-Boas já tinha sido empossada no clube, mas a entrada em funções na SAD tardava, uma vez que Pinto da Costa e o seu núcleo duro quiseram ir até ao fim. Fernando Gomes sentou-se regularmente à mesa com Pereira da Costa e também com Villas-Boas. Chegou inclusivamente a levar os dois futuros (e únicos) membros da comissão executiva ao Banco Carregosa devido à urgência da emissão de papel comercial."