
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, debateram hoje na cidade ucraniana de Uzhgorod as importações de petróleo russo pela Eslováquia e os recentes ataques ucranianos ao oleoduto que transporta esse crude.
Trata-se de duas questões que têm sido motivo de disputa entre os respetivos países.
"Uma questão distinta e importante é a independência energética da Europa. O petróleo russo, tal como o gás russo, não tem futuro", declarou Zelensky no final da sua primeira reunião com Fico desde o regresso ao poder do primeiro-ministro eslovaco, em 2023.
Posteriormente, numa conferência de imprensa após a reunião, Zelensky afirmou que a Ucrânia está disposta a fornecer gás e petróleo à Eslováquia através do seu território, desde que não sejam procedentes da Rússia.
A Hungria e a Eslováquia continuam a importar petróleo diretamente da Rússia através do oleoduto Druzhba.
Os repetidos ataques da Ucrânia à infraestrutura desse oleoduto situada dentro da Rússia provocaram a indignação de Budapeste e Bratislava, que exigem à União Europeia (UE) que interceda junto de Kiev para proteger os seus interesses como Estados-membros.
A Ucrânia defende os ataques como uma forma de reduzir os lucros pela exportação de petróleo que financiam a maquinaria de guerra russa.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou na quinta-feira, durante uma conversa telefónica com Zelensky e vários líderes ocidentais, que haja países europeus que continuam a importar petróleo russo.
Zelensky e Fico também falaram da recente visita de Fico à China, durante a qual o líder populista assistiu à parada militar organizada por Pequim por ocasião do 80.º aniversário do final da II Guerra Mundial no Pacífico e se reuniu no país asiático com os Presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin.
"O primeiro-ministro falou-me dos seus contactos na China", afirmou Zelensky, sem adiantar mais pormenores.
De seguida, informou Fico sobre a reunião que realizou na quinta-feira em Paris com os líderes dos países que manifestaram disponibilidade para contribuir para as garantias de segurança que a Ucrânia está a tentar obter, para evitar a repetição da invasão russa, a 24 de fevereiro de 2022, que conduziu à guerra ainda em curso.
Zelensky sublinhou que "a Eslováquia apoia a Ucrânia no seu caminho em direção à UE" e acrescentou que também falou com Fico sobre questões bilaterais económicas, energéticas e de infraestruturas.
O primeiro-ministro eslovaco, juntamente com o homólogo húngaro, Viktor Orbán, é o líder da UE mais próximo de Putin e crítico de Kiev.
Ao contrário de Orbán, que também se opõe à entrada da Ucrânia na UE, Fico manifestou abertura quanto à integração europeia de Kiev, mas rejeita a possibilidade de os ucranianos serem admitidos na NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Fico não viajou para Kiev para se reunir com Zelensky, como costumam fazer todos os líderes que visitam o Presidente ucraniano, e, em vez disso, optou por se encontrar com ele na cidade de Uzhgorod, perto da fronteira da Ucrânia com a Eslováquia.
Os líderes que visitam o país chegam à Ucrânia de comboio ou por estrada, uma vez que não há voos civis devido à guerra.