Os candidatos às eleições para a presidência do Benfica divergem na possibilidade de voto eletrónico no sufrágio, em resposta à proposta de regulamento eleitoral da direção de Rui Costa, atual líder das 'águias'.

Entre as propostas divulgadas pela Mesa da Assembleia Geral (MAG), insere-se a possibilidade de os sócios que residam no estrangeiro ou nas Regiões Autónomas votarem por via eletrónica, caso nenhuma das candidaturas se oponha à mesma.

A candidatura de Luís Filipe Vieira, ex-presidente benfiquista entre 2003 e 2021 e o último dos seis a avançar para o sufrágio, considerou que a proposta "introduz incerteza processual" e não reconhece "idoneidade técnica e segurança jurídica", apelando "à sua revisão" antes da Assembleia Geral (AG) de 27 de setembro.

"[A proposta] Prevê o voto eletrónico condicionado à aceitação de todas as listas, como preveem os estatutos, mas em caso de rejeição não garante voto à distância de todos os sócios do clube, o que deveria ser assegurado, no mínimo, pelo voto por correspondência", realçou a candidatura de Luís Filipe Vieira, em comunicado.

Por outro lado, João Noronha Lopes, candidato derrotado por Luís Filipe Vieira no sufrágio de 2020, já demonstrara publicamente a sua oposição ao voto eletrónico, reforçando a disponibilidade da sua candidatura em "ajudar a identificar e garantir mais de 40 secções de voto em Portugal e no estrangeiro", de forma a ter eleições "justas, transparentes, fiáveis e acessíveis ao maior número possível de sócios".

"Em vez de mapear locais de voto, contactar Casas do Benfica, contratar espaços e dar aos sócios uma informação clara sobre onde poderão votar, [a MAG] prefere alimentar um folhetim eleitoral com promessas de voto 'online' que não têm base estatutária, nem consenso para avançar", atirou a candidatura de Noronha Lopes.

O advogado João Diogo Manteigas é outra das vozes críticas ao voto eletrónico no sufrágio e salientou que o regulamento eleitoral é "um mau serviço ao clube e uma oportunidade perdida", desafiando os outros candidatos à realização de debates.

"Lamento que a BTV [estação televisiva do Benfica] espere por obrigações derivadas do regulamento eleitoral, ao invés de tomar a iniciativa de informar os sócios, que merecem uma democracia viva", assumiu o causídico, através das redes sociais.

Já Martim Mayer e Cristóvão Carvalho saudaram o regulamento eleitoral proposto, com o primeiro a pretender a "maior eficiência de meios e simplicidade possível", mas a pedir uma explicação sobre o modo de funcionamento do voto eletrónico.

"Caso cumpram na íntegra os requisitos impostos pelos novos estatutos, terão o nosso apoio. A terem oposição de alguma das candidaturas, fica então claro que o propósito é pura e simplesmente bloquear esta solução, prejudicando o exercício do direito de voto de tantos benfiquistas e impondo um substancial acréscimo de custos ao clube com o processo eleitoral", acusou a candidatura de Martim Mayer.

O comunicado do industrial elogiou ainda a proposta de "utilização dos meios de comunicação do clube pelas candidaturas e, em particular, o facto de se prever a realização de debates entre todos os candidatos", enquanto Cristóvão Carvalho é mais incisivo no apoio à existência de voto eletrónico, até em Portugal continental.

"Desde o início, temos defendido que nenhum benfiquista deve ser impedido de exercer o seu direito de voto por razões geográficas, logísticas ou até de saúde. Em Portugal continental, muitos benfiquistas continuam sem condições financeiras ou de saúde para se deslocarem às mesas de voto físicas. Defendemos, por isso, que o voto eletrónico 'online' coexista com o voto físico, cabendo ao sócio escolher o método que mais lhe convém", disse, pedindo certezas às listas que se opõem.

Os cinco candidatos, mais o atual presidente Rui Costa, disputam as eleições aos órgãos sociais dos 'encarnados' para o quadrénio 2025-2029, em 25 de outubro.