
Uma embarcação semi-submersível, destinada ao transporte clandestino de cocaína para a Europa, foi intercetada pela Polícia Federal brasileira na Ilha do Marajó, no estado do Pará, durante o fim de semana. A apreensão resultou de uma operação de cooperação internacional onde a Polícia Judiciária portuguesa (PJ) teve um papel ativo, no seguimento de uma complexa investigação transatlântica.
A ação coordenada surge na sequência direta da operação “Nautilus”, desencadeada em março deste ano, quando uma embarcação do mesmo tipo foi intercetada em pleno Oceano Atlântico, a cerca de 500 milhas náuticas a sul dos Açores, com cinco tripulantes a bordo e aproximadamente seis toneladas de cocaína.
Essa operação envolveu uma coligação internacional de forças policiais e militares, nomeadamente a Polícia Judiciária, a Marinha Portuguesa, a Força Aérea Portuguesa, a Guardia Civil espanhola, a agência norte-americana DEA e a National Crime Agency do Reino Unido. A origem da investigação remonta a informações cruciais partilhadas pela Guardia Civil através do Maritime Analysis and Operations Centre — Narcotics (MAOC-N), uma estrutura de cooperação marítima sediada em Lisboa.
Segundo os dados obtidos pelas autoridades, ambas as embarcações terão sido construídas na mesma zona do estado brasileiro do Pará, reforçando a tese de que esta região se consolida como ponto estratégico de produção de veículos navais adaptados ao narcotráfico. Estes semi-submersíveis são desenhados para navegar discretamente por grandes distâncias marítimas, reduzindo a deteção por meios aéreos ou marítimos convencionais.
A colaboração da Polícia Judiciária portuguesa, no terreno e em coordenação com os parceiros internacionais, reforça a posição estratégica de Portugal no combate ao tráfico de estupefacientes por via marítima, com foco especial na rota transatlântica entre a América do Sul e a Europa.
Esta operação representa um novo capítulo na luta global contra o narcotráfico e demonstra que a articulação entre forças policiais de diferentes países continua a ser um elemento essencial para travar o crime organizado internacional.