A Coligação para a Antártida e o Oceano Austral (ASOC, na sigla em inglês), foi distinguida esta quarta-feira com o Prémio Gulbenkian para a Humanidade 2025, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian. O galardão, no valor de um milhão de euros, reconhece o papel fundamental da organização na defesa de uma das regiões mais frágeis do planeta face às alterações climáticas.

Fundada em 1978 e com sede em Washington, a ASOC reúne cerca de 20 organizações ambientalistas de 10 países. É a única ONG ambiental com estatuto de observador nas reuniões do Tratado da Antártida, onde defende a criação de novas áreas marinhas protegidas no Oceano Austral – uma zona vital para a regulação do clima global e para a preservação da biodiversidade marinha.

A decisão foi tomada por um júri internacional presidido por Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, que destacou a “liderança exemplar” da coligação, bem como o seu compromisso com a ciência, a cooperação internacional e a gestão ambiental ética.

“A Coligação transmite esperança às gerações futuras”, afirmou Merkel. Já o presidente da Fundação Gulbenkian, António Feijó, sublinhou que proteger os lugares mais remotos do planeta “é essencial para salvaguardar o nosso futuro comum”.

Segundo Claire Christian, diretora executiva da ASOC, o prémio chega numa altura “muito difícil em termos de financiamento para organizações ambientais” e permitirá expandir o trabalho da coligação, nomeadamente no apoio à criação de quatro grandes reservas marinhas no Oceano do Sul.

Para Jim Barnes, presidente fundador da ASOC, “o futuro que vamos deixar será muito diferente se não percebermos que salvar a Antártida é uma grande prioridade”.

A Antártida, que concentra cerca de 90% do gelo terrestre e 70% da água doce do planeta, é um dos territórios mais vulneráveis às alterações climáticas. O Oceano Austral, que representa 10% da massa oceânica global, é responsável por regular a temperatura da Terra e distribuir nutrientes essenciais à cadeia alimentar marinha.

Criado em 2020, o Prémio Gulbenkian para a Humanidade já distinguiu figuras e organizações como Greta Thunberg, o IPCC, a plataforma SEKEM, e projetos de comunidades indígenas e agrícolas por todo o mundo. Em 2025, volta a destacar a importância da ação climática sustentada, baseada em evidência científica e na colaboração global.