A corrida à presidência da Câmara Municipal de Beja promete ser uma das mais disputadas dos últimos anos, com cinco candidatos já oficialmente anunciados para as eleições autárquicas marcadas para 12 de outubro.

Em jogo está a liderança de um município historicamente governado pela esquerda desde as primeiras eleições autárquicas em 1976, num concelho com 33.394 habitantes, de forte peso agrícola, turístico e de serviços, e que se estende por mais de 1.100 km², beneficiando em larga escala do regadio do Alqueva.

Paulo Arsénio (PS) tenta terceiro mandato

O atual presidente, Paulo Arsénio, de 53 anos, técnico de administração tributária, recandidata-se pelo Partido Socialista, apostado em alcançar o terceiro mandato consecutivo. Na apresentação da recandidatura, o PS destacou que Arsénio representa “a continuidade de uma liderança séria, empenhada e com provas dadas no serviço público e na defesa dos interesses e qualidade de vida das populações”.

Atualmente, o executivo camarário é composto por três vereadores do PS, três da CDU e um da coligação Beja Consegue, com os socialistas a deterem maioria relativa também na assembleia municipal.

CDU aposta em Vítor Picado para recuperar autarquia

Do lado da CDU, a candidatura recai novamente em Vítor Picado, de 47 anos, psicólogo e atual vereador sem pelouro. A coligação liderada pelo PCP procura reconquistar a autarquia, que geriu quase ininterruptamente entre 1976 e 2009, e depois entre 2013 e 2017. Picado surge como o rosto de uma “verdadeira alternativa a uma gestão do PS cada vez mais distante das populações e dos interesses do concelho”, sublinhou a CDU no lançamento da candidatura.

Direita junta-se na coligação Beja Consegue com Nuno Palma Ferro

Na direita, a coligação Beja Consegue — que em 2025 agrega PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal — volta a apresentar Nuno Palma Ferro, de 54 anos, professor e também vereador sem pelouro. O PSD destacou o trabalho de Palma Ferro como “oposição construtiva, assertiva, muito coerente e extremamente preparada”, apostando no capital político consolidado do candidato.

Chega e BE com estreias à presidência

O Chega surge com o técnico ambiental e agricultor David Catita, de 48 anos, apresentado como “um homem livre, com coragem, raízes, competência e sentido de missão”. O partido garante que a candidatura trará “uma nova esperança para Beja, baseada na valorização dos recursos locais, na defesa do mundo rural e na transparência”.

Pelo Bloco de Esquerda, a aposta é na economista Madalena Figueira, de apenas 28 anos. Para o BE, Beja “necessita de uma nova política, assente na participação popular, e de novos protagonistas capazes de desenvolver o concelho e transformar a cidade numa verdadeira capital de distrito”.

Uma autarquia estratégica no centro do Alentejo

O concelho de Beja, além do seu peso agrícola, dispõe ainda de um aeroporto (assente na pista da Base Aérea n.º 11) integrado na rede da ANA – Aeroportos de Portugal, fator que tem sido frequentemente apontado como potencial motor de desenvolvimento regional.

O desfecho desta eleição autárquica poderá determinar não só a orientação política do município para os próximos quatro anos, mas também influenciar a forma como serão geridos investimentos estruturais e projetos ligados ao regadio, à atração empresarial e ao turismo cultural e ambiental.