Os Claustros dos Paços do Concelho de Cantanhede encheram-se de público para assistir ao espetáculo-documentário intitulado “100 Paredes”, uma homenagem multidisciplinar ao centenário de Carlos Paredes que foi um dos maiores músicos portugueses do século XX, reconhecido mundialmente como o mestre da guitarra portuguesa.


O espetáculo-documentário aconteceu no sábado, no dia 26 de julho, no âmbito das comemorações do Feriado Municipal de Cantanhede.


Com direção artística de Bruno Costa e André Varandas, o espetáculo uniu música ao vivo, vídeo e narrativa documental, oferecendo uma experiência sensorial e emocional profundamente envolvente.


Em palco, artistas locais e nacionais juntaram-se num tributo coletivo que celebrou não apenas a obra de Carlos Paredes, mas também a cultura como força viva de identidade e união.


Bruno Costa esteve na guitarra portuguesa e Nuno Botelho na guitarra clássica, acompanhados pela voz de Beatriz Vilar. A estes intérpretes juntaram-se um Quarteto de Cordas, sob a direção artística do Maestro Artur Pinho Maria, e elementos do Clube
União Vilanovense (Carla Silva, Magda Silva, Constança Mendes e Joaquim Madeira), que deram corpo à componente de expressão artística, reforçando o envolvimento da comunidade neste tributo a Carlos Paredes.


O espetáculo integra um projeto nacional itinerante que percorre várias cidades portuguesas e comunidades lusas no estrangeiro ao longo deste ano.


Em cada local onde é apresentado, o espetáculo renasce com novas formas e significados, integrando talentos da região e estabelecendo um diálogo vivo com as suas memórias, sonoridades e tradições culturais.

Sobre Carlos Paredes

Carlos Paredes (1925–2004) foi um dos maiores músicos portugueses do século XX, reconhecido mundialmente como o mestre da guitarra portuguesa — o instrumento típico do fado, que ele levou muito além das fronteiras do género.


Filho do também guitarrista Artur Paredes, Carlos nasceu em Coimbra e desde cedo revelou um talento excecional. Apesar de uma carreira musical profundamente marcada pela ditadura e pela sua condição de funcionário público, Carlos Paredes compôs e tocou com uma liberdade artística notável.


As suas composições instrumentais — intensas, poéticas, por vezes melancólicas — reinventaram a linguagem da guitarra portuguesa, elevando-a a níveis de virtuosismo e expressão únicos.


Foi autor de álbuns icónicos como “Guitarra Portuguesa” (1967) e colaborou com nomes como José Afonso, Carlos do Carmo e Fernando Lopes-Graça.