Tiago Pires mostrou-se bastante cáustico em relação aos prémios atribuídos pela World Surf League (WSL) que ontem anunciou o calendário para o próximo ano.

«As alterações vão no bom caminho e mostram que o novo presidente da WSL pode trazer mais interesse à modalidade, com maior foco nos atletas e no espetáculo. Mas é preciso trabalhar mais as premiações, pagar mais aos atletas que arriscam a vida», realçou à agência Lusa o antigo surfista de 45 anos.

O ex-top mundial apontou o caso de Caio Ibelli como exemplo, depois do brasileiro ter desistido da sua vaga no circuito de acesso (Challenger Series) - onde competem este ano cinco portugueses.

«Os surfistas não podem continuar a pagar para trabalhar, suportando os elevados custos com as deslocações e estadias em todo o mundo, sem a devida correspondência em termos de remuneração. É preciso investir nos 'palhaços' do circo. É impensável que, na minha geração, ganhássemos mais dinheiro do que eles ganham hoje. Os 'prize moneys' de 2010 são iguais aos de 2025. Não faz sentido», argumentou.

O vencedor de uma etapa do circuito mundial recebe, quer em masculinos, quer em femininos, 80 mil dólares, cerca de 68 mil euros. O segundo classificado leva para casa 42.864 e o terceiro pouco mais de 27 mil euros.

Para o ano, o calendário do CT conta com 12 provas e vai coroar os campeões (masculino e feminino) de forma cumulativa, acabando com o designado Dia das Finais, em que só competiam os cinco melhores homens e as cinco melhores mulheres e que era alvo de muitas críticas. Também houve mexidas no cut (corte) do meio da época, e todas as rondas vão ser a eliminar, deixando de haver as repescagens após as rondas inaugurais.

Calendário CT 2026

  1. Bells Beach (1 a 11 de abril), Austrália

  2. Margaret River (17 a 27 de abril), Austrália

  3. Snapper Rocks (02 a 12 de maio).

  4. El Salvador (28 de maio a 07 de junho)

  5. Brasil (12 a 20 de junho)

  6. África do Sul (10 a 20 de julho)

  7. Polinésia Francesa (8 a 18 de agosto)

  8. Fiji (25 de agosto a 4 de setembro)

  9. Lower Trestles (11 a 20 de setembro, nos Estados Unidos

  10. Emirados Árabes Unidos (14 a 18 de outubro)

  11. Peniche (22 de outubro a 1 de novembro)

  12. Pipeline, no Havai (8 a 20 dezembro) , nos Estados Unidos

    Cut - Acontece depois de Trestles. Até ao corte competem 36 surfistas no quadro masculino e 24 no feminino (um aumento face às 16 atuais)

    Nas duas etapas seguintes o número de competidores baixa para 24 homens e 16 mulheres, mas todos voltam à competição para a última prova, na icónica onda de Pipeline, no Havai.

Atualmente, há cinco portugueses a competirem no circuito Challenger Series (CS) com o sonho de chegar à elite: Afonso Antunes, Frederico Morais, Francisca Veselko, Teresa Bonvalot e Yolanda Hopkins.

O CS dá acesso à elite da Liga Mundial de Surf (WSL) e conta com sete etapas, uma das quais na Ericeira, de 29 de setembro a 5 de outubro e, em jogo estão 10 vagas masculinas e sete femininas para o Championship Tour (CT) de 2026, onde vai haver um alargamento do circuito feminino de 16 para 24 surfistas, mantendo-se inalterados os 32 lugares no circuito masculino.