O Presidente de Angola e da União Africana (UA), João Lourenço, anunciou esta Terça-feira, em Genebra, um contributo na ordem dos 8 milhões de dólares para financiamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), juntando-se assim aos 14 países africanos que já prometeram contribuições para a ronda de investimentos da organização.

“Apelamos assim aos países membros da Organização para que reforcem as suas contribuições, num gesto responsável de solidariedade global, a fim de compensar os apoios que lhe foram retirados e garantir que a OMS continue a cumprir o seu papel vital na protecção da saúde dos povos”, apelou João Lourenço, durante o seu discurso na 78.ª Assembleia Anual da instituição sanitária internacional,

Para além de preservar o que já existe, disse, chegou a hora de dar passos concretos rumo à cobertura universal de saúde, um ideal que devemos perseguir sem tréguas até que se torne uma realidade.

“Não podemos continuar a viver num mundo onde a possibilidade de uma criança sobreviver dependa do local onde nasceu, ou onde uma mãe tenha de escolher entre comprar medicamentos ou alimentar os seus filhos”, sublinhou.

Para avançar no objectivo comum, o chefe de Estado afirmou que deve-se encarar os sistemas de saúde como ganhos importantes e não como despesas desnecessárias, o que implica valorizar os cuidados primários de saúde, investir nos profissionais do ramo e garantir que nenhuma comunidade fique para trás, seja ela urbana, rural, rica ou pobre.

“Temos plena consciência de que falar de saúde para todos não implica apenas a necessidade de construção de mais infra-estruturas hospitalares, formar mais profissionais de saúde, produzir ou adquirir mais medicamentos e vacinas. Implica também o investimento na educação dos nossos cidadãos, no saneamento básico, no acesso à água potável, a uma alimentação saudável, à habitação e à prática de actividade desportiva”, apontou.

De acordo com o Presidente, “Angola atingiu avanços significativos que me orgulha mencionar nesta magna Assembleia, por representarem, no nosso contexto, resultados que evidenciam os grandes investimentos e aturado trabalho que vimos realizando neste sector nos últimos oito anos”.

Como resultado disso, garantiu, a mortalidade infantil caiu de 44 para 32 por 1.000 nados-vivos, a mortalidade de menores de cinco anos passou de 68 para 52 por 1.000 nados-vivos e a mortalidade materna de 239 para 170 por 100.000 nados-vivos.

“O nosso sistema de saúde é universal e para responder às necessidades da população e colocar as pessoas no centro das nossas atenções, temos expandido as infra-estruturas de saúde nos três níveis de atenção do Serviço Nacional de Saúde, tendo passado de 2.612 unidades sanitárias em 2017 para 5.958 em 2024, das quais 15 novos hospitais do nível terciário, centros ortopédicos reabilitados, priorizando os cuidados de saúde primários com mais de 50% das novas unidades”, elencou.

O país, segundo informou, aumentou em 46,1% a força de trabalho em saúde desde 2017 e iniciou um amplo projecto de especialização que visa formar até 2028 cerca de 38 mil quadros do sector, entre médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, com prioridade para a medicina geral e familiar, visando acelerar progressos no alcance da cobertura universal da saúde.

“Nos últimos oito anos, foram instalados 538 monitores de hemodiálise em 12 províncias, aumentámos 20.224 camas hospitalares perfazendo hoje um total de 44.222 camas em todo o país, acrescentámos 1409 camas nas UTI perfazendo hoje um total de 1609 camas em UTI, em todo o território nacional”, precisou.

Por outro lado, João Lourenço ressaltou que Angola está a aumentar o financiamento e a aprimorar as políticas do sector da saúde, com foco particular nos cuidados primários de saúde, visando a prevenção e a detecção precoce, pois acreditamos que dependem deste factor as respostas adequadas às epidemias e pandemias.