
O Benfica solicitou a suspensão imediata do processo de centralização dos direitos audiovisuais, numa carta enviada à Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), a que a Lusa teve acesso.
Na missiva dirigida ao presidente da LPFP, o clube recorda a “ambição clara e legítima de reforçar a competitividade, garantir a valorização global do futebol português e promover uma maior equidade entre os clubes”, lamentando que, “passados mais de quatro anos, os pressupostos que deveriam fundamentar essa transição permanecem por cumprir”.
Segundo o Benfica, ainda na carta assinada por Rui Costa e enviada na terça-feira a Reinaldo Teixeira, “o atual processo de centralização está atrasado, em risco de falhar os objetivos e já desatualizado face ao contexto internacional”, realçando que “o impacto que o futebol tem como setor estruturante da economia portuguesa exige uma visão estratégica clara e uma gestão responsável”.
“O Sport Lisboa e Benfica será sempre solidário com a missão coletiva, mas realista relativamente ao seu valor no mercado e ao potencial do projeto nos atuais moldes”, assegura o clube lisboeta, que detalha ainda a sua posição, sobre o modelo de comercialização centralizada dos direitos televisivos dos jogos da I e II Ligas de futebol a partir da época 2028/29, promulgados em 19 de março de 2021, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Benfica refere que a aspiração de o montante global dos direitos das competições profissionais portuguesas ascender a 300 milhões de euros por época “carece de fundamentação credível à luz da realidade atual do mercado nacional e do próprio mercado internacional”, defendendo o “início de uma reflexão profunda e abrangente para a definição de um novo modelo de direitos televisivos a adotar para um futuro de sucesso do futebol português”.
“Na realidade atual do mercado audiovisual, é provável que o valor da centralização não atinja sequer os 150-200 milhões de euros, o que representaria uma perda de receita irreparável para todos os clubes portugueses – grandes, médios e pequenos. Esse cenário comprometeria o equilíbrio competitivo, a sustentabilidade financeira e a qualidade global do futebol nacional”, lê-se na carta de Rui Costa.
Esta carta concretiza ainda algumas das posições tomadas pelo emblema das ‘águias’ na sequência da arbitragem de Luís Godinho na final da Taça de Portugal, perdida frente ao Sporting, após prolongamento, por 3-1, em 25 de maio.
Assim, o Benfica suspende o seu lugar na gerência da Liga Centralização, a empresa dedicada a este processo, solicita audiências urgentes com o Governo e grupos parlamentares da Assembleia da República, e pede à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), LPFP e à Procuradoria-Geral da República que seja investigado e definido o exercício de funções de ex-árbitros em estruturas dirigentes.
Para “acordar uma posição comum sobre requisitos mínimos e um plano alternativo para uma centralização responsável e vantajosa para todos”, o clube pretende que a Liga apresente os valores envolvidos esperados, mas também modelos de distribuição com base no mérito desportivo, o valor mediático e das audiências, assim como, entre outras, um plano de combate à pirataria e propostas de revisão fiscal e do regime de seguros desportivos.
O modelo promulgado em março de 2021 resultou do memorando de entendimento assinado em 19 de janeiro do mesmo ano por FPF e LPFP, para a concretização da centralização dos direitos televisivos até 2027/28, dentro de duas temporadas.