Foi com uma mão cheia que o PSG, pela primeira vez na história, agarrou a orelhuda!

E não foi por acaso que chegámos a este desfecho na edição 2024/25 da Liga dos Campeões. Aliás, este ano não há um único argumento credível no outro lado do debate. Os parisienses são - como têm sido - a melhor equipa do continente.

Mais do que a boa caminhada, o que ficará na história é esta noite de sábado, em Munique. Um esclarecedor 5-0, com o Internazionale a assistir, impotente, dentro das quatro linhas. Vitinha, João Neves, Nuno Mendes e Gonçalo Ramos estão entre os grandes vencedores, mas Desiré Doué, de apenas 19 anos, agarrou desde o início o protagonismo.

Que belo é o novo PSG

Tiremos do caminho o óbvio. Este não é o PSG que, com menos timidez do que se justificava, entrou pela Liga dos Campeões dizendo-se candidato e ostentando Zlatans e Cavanis no plantel.

Tão pouco é o PSG que levou mais longe o culto da super estrela, juntando novamente Messi e Neymar para ladear Mbappé, numa tentativa otimista - e quase arrogante - de nos fazer a nós, adeptos de futebol, torcer por cifrões devidamente equipados.

Se captou a nossa atenção? Sim. Foi bonito? Talvez. Funcional? Jamais.

Goleada começou a ser construída na primeira parte @Getty /

O PSG do tempo em que nos dávamos ao trabalho de pronunciar, sílaba a sílaba, Paris Saint-Germain. Com érres carregados e pronúncia circunflexa onde parecesse apropriado.

Sublinhemos: não é esse PSG.

Mas guardemos a pronúncia francesa, sempre útil, para falar deste outro PSG. A versão que de facto chega à final da Liga dos Campeões carregada por individualidades menos óbvias, como um Dembélé em curva de redenção ou um Vitinha que depois desta campanha certamente inspirará uma nova corja de médios. São brilhantes.

Ninguém personifica a evolução melhor do que Desiré Doué, jovem de 19 anos que só na primeira parte contribuiu com golo e assistência. Na segunda parte juntou mais um golo, deixando o relvado, pouco depois, como um ponto incontornável da história da Champions! E mesmo ele custou 50 milhões de euros no último defeso (não estamos livres dos petrodólares), mas isso não invalida a mudança de rumo que levou o gigante parisiense a fazer-se meritório vencedor Liga dos Campeões. É um novo PSG, doa a quem doer.

O caminho da goleada

Por mais que não queiramos desvalorizar a competência do Internazionale, especialmente em mais uma boca caminhada em direção à final (já tinham sido finalistas vencidos há dois anos, frente ao Manchester City), temos de destacar a inegável superioridade parisiense.

Hakimi pediu desculpa à antiga equipa, mas as maldades continuaram @Getty /

Entraram melhor, controlaram a posse, e chegaram à vantagem ao 12.º minuto. Marcou Hakimi, lateral direito ex-Inter (até pediu desculpa), depois de um bom trabalho de Vitinha (mais um belo jogo do médio ex-FC Porto) e superior compostura de Doué.

O ex-Rennes, destacado acima, beneficiou de um desvio de Dimarco para fazer o 2-0, na conclusão de um lance de contra-ataque. Entrou na segunda parte com a confiança de quem já estava na história mas, por teimosia ou gula, fez mais. Depois de boas demonstrações de técnica, fez aos 63 minutos o 3-0, assistido por Vitinha, e saiu do campo com a barriga cheia. Também Luis Enrique, junto à linha lateral, parecia saciado.

O Inter tentou reagir, mas ninguém regressa à vida depois de sofrer aquele tipo de dano. À procura por algo mais só beneficiou os do costume, com Kvaratskhelia a firmar, na conclusão de uma boa transição, o 4-0. Segunda assistência de Dembelé na noite.

Entre mais uma insistência milanesa (Thuram podia ter marcado) o PSG, galvanizado por um brilhante grupo de adeptos em Munique, ameaçou o quinto. Barcola, entre gritos de «olé» nas bancadas, desperdiçou. Já Senny Mayulu, jovem de 19 anos lançado a seis minutos dos 90, assinou o quinto. Também ele ficará na história.

Tão cedo não voltaremos a ver algo assim.