
A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) lança, esta quarta-feira, Dia Internacional da Dignidade Menstrual, o documento “Vamos Falar Sobre Saúde Menstrual”. “É um recurso científico e educativo que pretende alertar para esta que é uma questão de Saúde (física e psicológica), igualdade de género, dignidade e direitos humanos”, explica, em comunicado.
“Falar abertamente sobre saúde menstrual é importante, porque ajuda a promover o autocuidado e a incentivar as pessoas que menstruam a procurar ajuda quando necessário, facilitando o diagnóstico precoce de doenças e promovendo a saúde e a dignidade”, acrescenta.
Para a OPP, a saúde menstrual vai além da ausência de doença, abrangendo o bem-estar físico, psicológico e social. Tal pressuposto, “exige acesso a informação rigorosa, produtos menstruais, condições de higiene, privacidade e conforto para gerir o ciclo menstrual, ambientes respeitosos (por exemplo, escolas e locais de trabalho inclusivos e livres de estigma) e serviços de saúde para vigiar a saúde menstrual e diagnosticar e tratar possíveis problemas de saúde associados.”
Entre os dados nacionais destacados no documento, quase 40% sente não ter informação suficiente sobre saúde menstrual; 31,5% das pessoas faltaram à escola ou ao trabalho no último ano devido a sintomas menstruais; 12,8% referem não ter acesso à quantidade de produtos menstruais suficientes para garantir uma higiene adequada; e a maioria das pessoas com cancro do ovário ou colo do útero é diagnosticada em fase avançada.
O documento evidencia ainda o impacto da pobreza menstrual, que afeta cerca de 500 milhões de pessoas em todo o mundo, e a urgência em desmistificar mitos persistentes como a associação da menstruação à “impureza” ou a normalização da dor incapacitante. A OPP apela a uma abordagem informada, inclusiva e digna da menarca à menopausa.
São ainda respondidas várias questões e são feitas cinco recomendações estratégicas para a construção de políticas públicas: promover a literacia em Saúde Menstrual, garantir o acesso universal a espaços e produtos menstruais seguros e dignos, integrar a Saúde Menstrual na prestação de cuidados de Saúde, combater o Estigma e a Discriminação relacionados com a Saúde Menstrual e priorizar a Saúde Menstrual nos programas nacionais de financiamento científico.
Maria João Garcia
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