O presidente do partido, Lo Kin-hei, declarou na quinta-feira à noite que um grupo de trabalho vai organizar uma assembleia geral para que os 400 membros tomem uma decisão final sobre o futuro do partido e tratem das questões jurídicas relacionadas com a dissolução.

A medida, tomada pela direção da formação política durante uma reunião realizada esta semana, surge na sequência da aplicação da recente lei de segurança nacional na cidade, em 2024, que intensificou a repressão da dissidência e deixou a oposição à deriva, segundo escreve a agência de notícias Efe.

Fundado em 1994 e outrora o principal bastião da oposição no Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento da cidade, o Partido Democrático encontra-se numa situação crítica, sem representação parlamentar ou nos conselhos distritais.

Lo Kin-hei não apresentou um calendário para a consulta aos membros e recusou-se a comentar se a decisão do partido se deve a pressões políticas.

Falar de dissolução "era inevitável", afirmou, na quarta-feira, depois de muitos grupos e partidos locais se terem dissolvido quando Pequim impôs a primeira lei de segurança nacional, em 2020, em resposta aos protestos pró-democracia na antiga colónia britânica, um ano antes.

A situação tornou-se mais complexa em março de 2021, quando foi aprovada uma lei destinada a garantir que apenas apoiantes do regime de Pequim podem governar Hong Kong, cidade vizinha de Macau.

Esta lei reduziu significativamente a representação democrática na assembleia, consolidou o controlo sobre o processo eleitoral e criou um painel de seleção de candidatos alinhado com os interesses do Governo Central.

Em 2010, o Partido Democrático encetou negociações discretas com responsáveis em Pequim e conseguiu chegar a um acordo de compromisso sobre o caminho para a reforma política em Hong Kong, embora este diálogo secreto tenha sido fortemente contestado por apoiantes e aliados, que consideraram ser um ato de traição.

Apesar das críticas, a formação adaptou-se e estabeleceu-se como o principal bloco da oposição na cidade.

No entanto, a trajetória sofreu uma reviravolta drástica com a imposição da lei de segurança nacional: quatro deputados do partido - Wu Chi-wai, Helena Wong, Lam Cheuk-ting e Andrew Wan - foram condenados em 2024 a penas de prisão até seis anos e nove meses por conspiração para cometer subversão, após terem participado numa eleição primária não oficial, que a justiça interpretou como uma conspiração para derrubar o Governo.

Desde a entrada em vigor desta lei e das reformas eleitorais, a especulação sobre o futuro do Partido Democrático tem sido constante, alimentada por numerosas rusgas policiais e detenções de militantes ou de familiares, nos últimos anos.

Atualmente, a polícia da ex-colónia oferece um milhão de dólares de Hong Kong (122.492 euros) por informações que levem à detenção de pelo menos 13 ativistas exilados no estrangeiro, acusados de violar a lei de segurança nacional.

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