O encontro ao mais alto nível vai decorrer num contexto de fortes tensões entre Kinshasa e Kigali, depois de o grupo armado M23 e os seus aliados das forças ruandesas terem tomado Goma, a principal cidade do leste da RDCongo, e continuado a avançar na região.
A cimeira, que decorrerá em Dar es Salaam, na Tanzânia, e é organizada pela Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês) e pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês), juntará vários chefes de estado e de Governo, e, sobretudo, os Presidentes dos dois países envolvidos no conflito: Félix Tshisekedi (RDCongo) e Paul Kagame (Ruanda).
O Presidente do Quénia, William Ruto, divulgou na segunda-feira nas redes sociais que tanto como Tshisekedi como Kagame confirmaram a sua presença, depois de ambos terem nos últimos dias evitado encontrar-se.
De acordo com um comunicado divulgado pela Presidência queniana, a cimeira foi possível na sequência de um acordo entre William Ruto, e o seu homólogo do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa.
Os líderes da EAC e da SADC reuniram-se na semana passada em cimeiras extraordinárias para abordar a escalada do conflito no nordeste da RDCongo.
Ambos os blocos regionais exigiram um cessar-fogo imediato e apelaram às partes para que se empenhassem nos processos de paz em curso, como o processo de paz de Luanda, sob a mediação do Presidente angolano, João Lourenço -- mandatado pela União Africana -, no âmbito do qual foi acordado um cessar-fogo em 31 de julho, e o processo de paz de Nairobi.
Após vários dias de intensos combates entre o exército da RDCongo e o M23, as milícias conseguiram, em 27 de janeiro, ocupar Goma, capital da província de Kivu Norte, que faz fronteira com o Ruanda e é rica em minerais e metais indispensáveis para a indústria e tecnologia mundiais.
Não foi a primeira vez que o fizeram: os rebeldes já tinham tomado o controlo da cidade durante dez dias em 2012, antes de a pressão internacional os ter obrigado a retirar da cidade, com cerca de dois milhões de habitantes e onde estão sediadas organizações não-governamentais internacionais e instituições da ONU.
Uma ofensiva na semana passada do M23 - um grupo armado constituído maioritariamente por tutsis, a etnia vítima do genocídio ruandês de 1994 - aumentou as tensões com o vizinho Ruanda, com o Governo democrático-congolês a acusá-lo de apoiar os rebeldes, uma alegação confirmada pela ONU.
Desde 1998, o leste da RDCongo tem estado mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU.
EL // VM
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