
António Costa foi à Costa do Marfim receber o prémio que a UNESCO lhe atribuiu em setembro do ano passado, ainda antes de tomar posse como Presidente do Conselho Europeu. Na cerimónia que decorreu em Abidjan, recebeu ainda roupas tradicionais do país, incluindo o tradicional chapéu de chefe Baoulé e o nome simbólico de "Gouda" - António "Gouda" Costa - que significa "homem de paz", nas explicações da apresentador da cerimónia.
O ex-primeiro ministro português foi distinguido pelo compromisso com o multilateralismo, o diálogo e o desenvolvimento sustentável. O prémio que tem também o nome de Félix Houphouët-Boigny - antigo primeiro-ministro da Costa do Marfim - vem com a atribuição de um montante de 150 mil dólares, 132 mil euros, que António Costa escolheu doar à ACNUR pelo trabalho na proteção de milhões de deslocados e refugiados em todo o mundo.
"Receber este prémio é para mim uma enorme responsabilidade. Ainda maior devido ao novo papel que assumi, no qual devo continuar a defender e a promover os valores para os quais este prémio foi criado", afirmou esta tarde. Adianta que foi essa responsabilidade que o levou a doar o prémio ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, "pelo seu trabalho em garantir a vida, a dignidade, a segurança e os direitos fundamentais de milhões de pessoas deslocadas e refugiadas em todo o mundo".
Numa altura em que o orçamento das agências das Nações Unidos sofrem cortes, desde logo pela redução drástica das contribuições dos Estados Unidos, que decidiu cortar ajuda internacional ao desenvolvimento (USAID), o Presidente do Conselho Europeu atribui o prémio monetário da UNESCO a uma outra agência da ONU.
A ACNUR decidiu que o dinheiro será usado para financiar programas de educação no Sudão, onde a guerra já provocou mais de 12 milhões de deslocados.
Entre os anteriores laureados do Prémio da UNESCO para a paz estão Nelson Mandela (1991), Shimon Peres e Yasser Arafat (1993), o Rei Carlos de Espanha e Jimmy Carter (1994), Lula da Silva (2008), François Hollande (2013) e Angela Merkel (2022).