O presidente e secretário-geral interino do PS, Carlos César, considera essencial uma atitude de firmeza pedagógica e política contra tendências totalitárias e afirmou que essas derivas ditatoriais não resolvem qualquer problema dos cidadãos. "Penso que não podemos estar desatentos em relação a estes fenómenos, que são fenómenos da tentativa totalitária. E a atenção não é só dos políticos, mas também dos portugueses", afirmou Carlos César no final da cerimónia comemorativa do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que se realizaram em Lagos, no distrito de Faro.

Numa alusão ao discurso da comissária deste ano para as comemorações, a escritora e conselheira de Estado Lídia Jorge, que alertou contra a desumanidade e o racismo, entre outros aspetos, o presidente do PS afirmou ser "importante que haja firmeza pedagógica e política para não dar caminho a tendências totalitárias — tendências que infelizmente pululam no país".

Interrogado sobre a possibilidade de estar em curso "um revisionismo dos extremos", um ponto levantado pela escritora Lídia Jorge no seu discurso, Carlos César defendeu que "os portugueses não devem confundir a necessidade de resolver problemas que não têm sido resolvidos com derivas ditatoriais e totalitárias que não resolvem problema nenhum".

"As derivas totalitárias, pelo contrário, adensam a angústia e a inaptidão do Estado no seu relacionamento com os cidadãos", sustentou o presidente do PS. Pelo contrário, de acordo com Carlos César, a solução passa por se governar "bem, resolvendo problemas e demonstrando que a democracia é cenário próprio para que essa resolução chegue a bom termo". "Não há nenhum regime alternativo à democracia que respeite as pessoas e que possa ser a sede própria de resolução dos problemas das pessoas", acrescentou.


CDS destaca justiça na condecoração a Ramalho Eanes

Já o líder parlamentar do CDS, também presente na cerimónia, preferiu salientar a condecoração do antigo Presidente da República Ramalho Eanes, considerando que o general teve um papel decisivo na consolidação da democracia, destacando a operação militar de 25 de Novembro.

É um dia para sentirmos orgulho de ser portugueses, sentirmos orgulho da nossa História, sentirmos orgulho do nosso presente e do nosso futuro. Portugal tem todas as condições para ser um extraordinário país agora e no futuro", afirmou Paulo Núncio aos jornalistas, em comentário aos discursos de Marcelo Rebelo de Sousa e de Lídia Jorge,

Paulo Núncio destacou depois o ato de Marcelo Rebelo de Sousa condecorar o antigo Presidente da República, o general Ramalho Eanes

“Foi de uma enorme justiça a distinção do general António Ramalho Eanes. É um homem hoje reconhecido por todos os portugueses como um extraordinário patriota, um homem militar, um general, reconhecido pelos seus camaradas”, sustentou. O líder parlamentar acrescentou que Ramalho Eanes foi "um homem que teve um papel importante na transição da ditadura para a democracia e que depois teve um papel central no 25 de Novembro 1975".

“Quando comemoramos em 2025 os 50 anos do 25 de Novembro, ficou muito bem ao Presidente da República ter distinguido o general Ramalho Eanes como uma figura maior da nossa democracia, como uma figura maior dessa transição da ditadura para a democracia. E esta cerimónia ficou muito a ganhar com a distinção que foi feita ao general Ramalho Eanes", acrescentou.