
Nos tempos que correm, a evolução tecnológica molda diariamente a forma como trabalhamos, comunicamos e consumimos informação. No entanto, nem todas as gerações passaram por esta transformação da mesma maneira. Enquanto os nativos digitais nasceram num mundo que já estava online, e as gerações mais antigas lutam, por vezes, para se adaptarem, há um grupo que se destaca pelo seu equilíbrio entre os dois mundos: a geração "An-Di" (Analógicos - Digitais).
Este termo refere-se aos indivíduos que cresceram num ambiente analógico, mas que souberam fazer a transição para o digital de forma eficaz. Estes não apenas dominam as ferramentas digitais, como também compreendem o valor das estruturas e processos do passado. Mais do que uma mera adaptação, a geração "An-Di" representa um elo essencial entre duas eras, trazendo consigo uma visão crítica e contextualizada da transformação digital.
A Força do Equilíbrio
A vantagem dos "An-Di" reside na sua capacidade de integrar o melhor dos dois mundos. Ao contrário dos nativos digitais, que muitas vezes têm acesso imediato à tecnologia sem compreenderem a sua evolução, os "An-Di" viveram a transformação. Sabem o que é trabalhar sem internet, reconhecem o valor da comunicação cara a cara e lembram-se do impacto da informação impressa antes da explosão das redes sociais.
Ao mesmo tempo, são também fluentes na linguagem digital, utilizando ferramentas tecnológicas para otimizar processos, comunicar e inovar. A sua abordagem não é apenas baseada na novidade, mas na eficiência e na adaptação estratégica. São capazes de questionar tendências e evitar a dependência excessiva da tecnologia, mantendo um pensamento crítico sobre a sua utilização.
O Papel Fundamental no Mercado de Trabalho
No ambiente profissional, esta geração desempenha um papel crucial. Num mundo onde a transformação digital é uma necessidade, os "An-Di" tornam-se essenciais para garantir que a transição não se faz de forma abrupta e inconsequente. São eles que compreendem a importância do contacto humano nas relações comerciais, do pensamento estratégico sem depender exclusivamente da automatização e da necessidade de manter um olhar atento ao passado para projetar o futuro.
Além disso, os "An-Di" possuem uma competência que se tem tornado cada vez mais rara: a paciência para o processo. Num universo digital acelerado, onde a gratificação instantânea domina, esta geração valoriza o tempo de maturação das ideias, a construção de relações sólidas e a aprendizagem baseada na experiência, e não apenas em tutoriais rápidos do YouTube ou respostas instantâneas da Inteligência Artificial.
Diretor de Negócios SAPO e presidente IAB Portugal