A transformação redefine o mundo, a forma como o vemos e como nele vivemos. Permite-nos ir além do visível, para descobrirmos uma variedade de novas possibilidades. No entanto, a igualdade no acesso a oportunidades permanece numa zona cinzenta. E se Portugal, que tem vindo a afirmar-se como um hub de inovação, quer continuar a crescer tem de investir na liderança feminina. Este potencial catalisador na criação de soluções mais justas e de ambientes de trabalho equitativos não pode ser negligenciado.
A meritocracia é importante, mas por vezes mascara preconceitos que dificultam o progresso das mulheres na hierarquia empresarial. Os números mostram que, em Portugal, há mais mulheres a concluir o ensino superior (49%) do que homens (38%) e, mesmo entre aqueles que terminam o curso, as mulheres (89%) têm uma taxa de empregabilidade superior à dos homens (87%). No entanto, a realidade nas empresas em Portugal é diferente. Além de persistir uma diferença salarial (as mulheres ganham menos 11,9% do que os homens), quanto mais alto é o cargo, menor é a presença feminina e apenas 6% ocupam cargos de CEO. Será por falta de interesse ou de oportunidade?
Acredito que um é consequência do outro. As empresas têm a responsabilidade de criar oportunidades para todos, promovendo um ambiente de trabalho equitativo e garantindo remunerações justas. Até porque o desinvestimento na liderança feminina é um desinvestimento na própria empresa. É necessário também valorizar a diversidade de talentos na liderança, porque promove uma compreensão mais abrangente das necessidades da sociedade e dos clientes.
Os produtos e serviços devem ser pensados por pessoas com diferentes experiências e perspetivas e, ao investir também em modelos femininos, estamos a inspirar líderes do futuro e a abrir portas para soluções mais inovadoras.
Além disso, as empresas podem beneficiar da implementação de programas de mentoria e sponsorship que apoiem o desenvolvimento de carreira das mulheres. Ao criar oportunidades para que líderes experientes orientem e apoiem o talento feminino, as empresas podem ajudar a quebrar barreiras e a promover o crescimento profissional.
A mudança está em curso, mas é preciso acelerar o progresso para que os resultados comecem a ser mais visíveis. Atrair talento feminino deve ser uma prioridade para as empresas, de maneira a promover a igualdade de oportunidades, que é essencial para o sucesso económico e social.
Pedro Gomes, CEO da TP em Portugal