Mas enquanto a tecnologia acelera, surgem novas preocupações. Sandra Veloso trouxe a perspetiva jurídica e ética, lembrando que a transformação digital não pode ignorar o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD). “Uma coisa é oferecer Wi-Fi gratuito. Outra é o que se esconde nos termos e condições que poucos leem. Os dados do adepto tornaram-se parte do jogo”, alertou.

A discussão avançou para temas sensíveis como o uso de videovigilância e reconhecimento facial nos estádios. Para Sandra Veloso, “É possível, mas só em condições muito específicas e com salvaguardas legais robustas.”Nuno Rocha destacou casos em que redes inteligentes não só melhoraram a experiência do público como aumentaram receitas e eficiência operacional — por exemplo, através da geolocalização para otimizar filas ou da análise de fluxos para reforçar a segurança.

Com o Wi-Fi 6, 6E e agora o 7 a prometerem ligações ultrarrápidas e capacidade para dezenas de milhares de dispositivos simultâneos, a tecnologia está pronta para suportar experiências imersivas de nova geração: realidade aumentada, estatísticas hiperpersonalizadas e até apostas em tempo real no próprio estádio. A pergunta, deixada no ar por ambos os convidados, é: estará o quadro regulatório à altura desta nova era dos eventos hiperdigitais?

O episódio fechou com uma constatação inescapável: a conectividade é hoje tão decisiva como o talento em campo. Mas, à medida que os estádios se tornam arenas digitais, cresce também a responsabilidade de proteger os dados e os direitos dos adeptos.