
Com mais de 30 anos de presença em Portugal, a TD SYNNEX deixou para trás o modelo clássico do box mover — o distribuidor que apenas geria inventário — para se afirmar como parceiro estratégico, providenciando conhecimento técnico, capacidade de planeamento e suporte na construção de soluções tecnológicas à medida. “Hoje, um distribuidor tem de estar preparado para antecipar falhas, gerir riscos e garantir continuidade operacional aos seus parceiros”, explica Raul Castro, destacando o impacto das recentes crises globais de fornecimento, como a escassez de chips.
A conversa evidencia um mercado em ebulição. Portugal, embora de dimensão limitada, é um país com uma taxa de adoção tecnológica surpreendente. “Temos uma base de early adopters, sobretudo no consumidor final, mas também uma camada corporativa mais conservadora, que opta por esperar pela maturação das soluções”, analisa Raul Castro. Este dualismo reflete-se nas decisões de compra, especialmente no que toca a inteligência artificial (IA) e cibersegurança — os dois eixos que dominam atualmente a procura empresarial.
Segundo o responsável da TD SYNNEX, a integração da IA nas operações empresariais já saiu da fase experimental, mas a sua adoção ainda exige maturidade estratégica. “O investimento é alto, e o mercado ainda está a aprender a distinguir entre hype e valor real”, refere. No entanto, a área de saúde e a analítica de dados estão entre os setores onde a IA começa a ganhar tração com casos de uso concretos.
Já a cibersegurança deixou de ser uma “vacina opcional” para se tornar um imperativo organizacional. A recente aquisição da Jomal, empresa especializada no setor, foi um movimento estratégico para reforçar a oferta da TD SYNNEX nesta área crítica. “Queremos ser um one stop shop para os nossos parceiros, e isso passa por ter soluções completas, incluindo os principais fabricantes de segurança”, sublinha Raul Castro.
O mercado português, apesar de competitivo, continua a oferecer espaço para crescimento. Em 2023, a TD SYNNEX Portugal cresceu 6,1% em volume de negócios, e para 2024 o cenário mantém-se otimista. “A atualização para o Windows 11, a renovação de hardware para suportar novas exigências de IA e o reforço dos sistemas de cibersegurança deverão impulsionar a procura”, projeta o country leader, que também aponta os fundos europeus — como o PRR e o programa CTEES — como catalisadores da transformação digital em curso.
Num setor onde o tempo de resposta e a previsibilidade logística são determinantes, a dimensão global da TD SYNNEX — presente em três continentes — confere-lhe uma vantagem estrutural. “A nossa relevância internacional permite-nos negociar melhor com os fabricantes e antecipar eventuais disrupções no fornecimento”, destaca Raul Castro, sem deixar de apontar os riscos geopolíticos como variáveis fora do controlo, mas com potencial de impacto local.
A distribuição tecnológica está longe de ser um simples intermediário logístico. Na visão de Raul Castro, trata-se de um ponto nevrálgico de equilíbrio entre inovação, planeamento e execução — um verdadeiro termómetro da maturidade digital das economias. Em Portugal, o termómetro indica crescimento, e a TD SYNNEX está decidida a acompanhá-lo, e a superá-lo.