
As menções a investimentos em inteligência artificial (IA) estão a ganhar relevância nas comunicações corporativas, refletindo o interesse crescente das empresas em aproveitar o potencial transformador desta tecnologia. É o que revela a análise da Company Filings Analytics Database da GlobalData, que identifica a expansão do uso da IA em estratégias de crescimento, inovação e melhoria do portfólio.
O estudo destaca que as áreas mais recorrentes nesses documentos incluem IA generativa (GenAI), integração de IA no atendimento ao cliente e operações internas, aquisições de empresas especializadas e apoio através de terceiros para construir ferramentas próprias. Em conjunto, estes movimentos demonstram um padrão comum: a IA é vista como um ativo estratégico para reforçar o posicionamento competitivo em vários setores.
Entre os casos recentes, a Motorola Solutions anunciou no seu relatório trimestral de maio de 2025 a aquisição da Theatro por 173 milhões de dólares. Esta empresa desenvolve software de comunicação e fluxos de trabalho digitais com controlo por voz e IA, orientado para trabalhadores da linha da frente. A Motorola considera que a incorporação do seu assistente de voz com IA enriquecerá o seu ecossistema tecnológico, que já inclui dispositivos como: câmaras corporais, rádios e botões de pânico.
Outra operação de destaque é a anunciada pela NXP Semiconductors NV em fevereiro de 2025: a aquisição da Kinara por 307 milhões de dólares. O objetivo desta transação é consolidar uma plataforma escalável para sistemas de IA na periferia, integrando as soluções de processamento e conectividade da NXP com a tecnologia de hardware e software de unidades de processamento neural (NPU) da Kinara.
Estas aquisições refletem uma tendência clara: as empresas não estão apenas a investir internamente em IA, mas também a absorver capacidades tecnológicas externas para acelerar a sua transformação.
Capital de risco e desenvolvimento de ferramentas próprias
Além das aquisições, algumas empresas estão a canalizar recursos para o capital de risco tecnológico. A Wipro, por exemplo, mantém 25 investimentos ativos em startups relacionadas com IA e GenAI. A Adobe, por sua vez, anunciou ter investido mais de 500 milhões de dólares em empresas emergentes de IA, aos quais se somará um novo fundo de 100 milhões.
Intuit explicou no seu último relatório que continua a desenvolver ferramentas e sistemas próprios baseados em IA, incluindo funções generativas destinadas tanto a clientes como a funcionários. A empresa também está a recorrer a fornecedores externos para acelerar esta implementação.
Por seu lado, Baidu detalhou investimentos destinados a transformar o seu motor de busca através da inteligência artificial, com especial ênfase na melhoria da experiência do utilizador.
No setor financeiro, o Agricultural Bank of China lançou um plano de ação “AI +”, através do qual desenvolveu vários projetos que combinam big data e inteligência artificial. Estas iniciativas visam fortalecer o atendimento ao cliente e os mecanismos de prevenção de riscos, refletindo a adoção progressiva da IA em ambientes regulamentados e de alto volume de operações.
Em conjunto, estes movimentos confirmam um padrão crescente de interesse empresarial em diversificar o uso da IA em áreas críticas, desde o atendimento ao cliente até a gestão de risco, passando pela otimização de processos internos ou pela experiência digital.