No Coffee Break, desta semana, o Managing Director da SAP Portugal, Nuno Saramago, traçou o retrato de uma operação em expansão, que se posiciona como um centro de competências tecnológicas de alto valor. “Temos 32 nacionalidades na nossa equipa. São pessoas que, tendo estudado em Portugal ou no estrangeiro, escolheram viver aqui e desenvolver uma carreira internacional connosco”, referiu Saramago. Com equipas que vão desde engenharia de produto até serviços especializados, a SAP Portugal é hoje um hub global com selo nacional.

Mais do que implementar tecnologia, o foco está na transformação de processos e modelos operacionais. “Não falamos apenas de digitalizar processos. Estamos a falar de repensar o próprio negócio com base na tecnologia”, sublinha Saramago. Esta abordagem assenta numa presença transversal em 25 setores de atividade, com soluções que vão muito além do software genérico.

O resultado? Um crescimento de 79% em novos negócios cloud face a 2023, com projetos que envolvem tanto grandes grupos como EDP, Galp e Sogrape, como pequenas e médias empresas de engenharia e logística.

Inteligência Artificial com ética e contexto

A aposta da SAP na Inteligência Artificial (IA) segue uma lógica diferente da corrida pelos modelos fundacionais: o foco é a chamada “inteligência artificial de negócio”, altamente contextualizada, fiável e auditável. “Não podemos correr o risco de ter alucinações algorítmicas em decisões críticas de negócio”, diz Nuno Saramago.

A empresa recusa-se a lançar soluções que não sejam transparentes. Desde 2008 que existe um conselho interno e independente para garantir que a IA respeita princípios éticos, especialmente nas áreas mais sensíveis, como recursos humanos e cadeias logísticas.

Contrariando a ideia de que a transformação digital é apenas para grandes grupos, a SAP tem vindo a desenvolver soluções “prontas a consumir” para as PME. Através da cloud, os clientes têm acesso imediato a processos automatizados e algoritmos otimizados, sem necessidade de grandes investimentos em infraestrutura ou desenvolvimento.

“Como acontece com uma app no telemóvel, as atualizações e novas funcionalidades são imediatas. Isso torna a inovação acessível a empresas de qualquer dimensão”, explica o responsável.

Na área do ESG, a SAP reafirma o seu compromisso com diversidade, inclusão, governação responsável e sustentabilidade ambiental. Um dos exemplos mais concretos é o Green Ledger, lançado no final de 2024, que permite contabilizar não só emissões de carbono, mas também o consumo de matérias-primas, água e energia. “Este é um novo indicador que colocamos no balanço das empresas. Não substitui os resultados financeiros, mas complementa-os com métricas de impacto ambiental”, refere Nuno Saramago.

Talento nacional como motor de crescimento

Com cerca de metade da sua faturação proveniente de exportações — num volume de negócios que rondou os 190 milhões de euros em 2023 —, a SAP Portugal representa um contributo relevante para a economia nacional. Para os próximos três anos, a meta é clara: contratar pelo menos 100 pessoas por ano, recorrendo a um ecossistema de parcerias com universidades e politécnicos, mas também captando talento estrangeiro.

“Vivemos num mercado de pleno emprego tecnológico. Portugal oferece qualidade de vida, segurança e talento técnico, o que nos torna muito competitivos no seio do grupo SAP”, afirma Nuno Saramago, que destaca a importância de manter um ambiente de “concorrência saudável” com outros centros de serviços da multinacional, situados na Europa de Leste, nos EUA e na Ásia.

Portugal como plataforma tecnológica

Para além de gerar emprego qualificado, atrair talento internacional e desenvolver tecnologia com impacto global, a SAP Portugal mostra como é possível transformar o país numa plataforma exportadora de inovação. Nuno Saramago resume a ambição com pragmatismo: “Temos orgulho em ser parte de uma multinacional, mas pensamos e atuamos como uma empresa portuguesa, com impacto real na economia nacional.”

Com um plano de crescimento sustentado e um posicionamento claro em torno da transformação digital, da inteligência artificial ética e da sustentabilidade, a SAP Portugal é, sem margem para dúvida, um dos principais exemplos de como o talento pode ser o recurso mais estratégico de um país.