
Os pedidos de ajuda à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) por violência doméstica contra idosos aumentaram 8,5% entre 2021 e 2024, revelou esta sexta-feira Ana Sousa, responsável da associação no Porto. A violência doméstica foi, de facto, o crime mais reportado neste grupo etário ao longo do período, com uma média de mais de 136 atendimentos mensais a vítimas com idade avançada.
O alerta foi dado à margem do evento “O respeito não tem idade”, promovido pela delegação do Porto da Cruz Vermelha Portuguesa no âmbito do Dia Mundial da Consciencialização da Violência Contra as Pessoas Idosas, que se assinala este domingo.
Além da violência doméstica, foram também registadas situações de ameaças, coação, burlas, violência económica e financeira, violência sexual e abandono. Para Ana Sousa, o aumento de casos também pode ser visto como um sinal positivo, refletindo “uma sociedade mais atenta”, com denúncias a surgir não só de familiares, mas também de amigos e vizinhos preocupados.
A responsável destacou o isolamento como um dos principais fatores de risco, apelando à promoção de “fatores protetores” como o convívio com amigos, familiares e vizinhos, e a participação em grupos sociais.
A coordenadora da Cruz Vermelha no Porto, Ângela Frazão, explicou que o evento procurou sensibilizar a população para esta problemática, mas também dar voz aos idosos. Os cerca de 75 participantes do Programa Sempre Acompanhados estiveram envolvidos na preparação da iniciativa — desde a escolha do nome até à criação de cartazes e recolha de dados.
O programa, ativo desde 2022, acompanha atualmente 114 pessoas nas freguesias do centro histórico do Porto e em Paranhos. Durante a sessão da tarde, realizada na Junta de Freguesia de Santo Ildefonso, os idosos receberam conselhos práticos sobre como prevenir situações de risco, proteger a sua privacidade nas redes sociais, manter a autonomia e saber como denunciar crimes, com o apoio de dois agentes da PSP do Bonfim.