
E todos os anos, neste dia de São Ivo, Patrono dos Advogados, os meus Colegas enchem as redes de discursos eloquentes afirmando o orgulho no exercício da profissão e a cada ano que passa eu substituo o orgulho pela mágoa de ver ao que chegámos e pelo arrependimento de ter trilhado este caminho.
Em 25 anos o orgulho cedeu lugar à mágoa, o gosto pela prática vem cedendo à frustração perante o desrespeito e a perda de prestígio desta profissão, o trabalho em prol da valorização e partilha de saberes da profissão foi compensado com uma teia de enganos, traições e perseguições às quais não pude dar aquela que seria a resposta merecida.
No meio deste cataclismo duas coisas me impressionaram: Pela negativa ver que há quem se aproveite de posições institucionais para perseguir pares por razões que a razão desconhece, pela positiva, o facto de existir ainda um último reduto de Colegas que honra a classe, que se move e luta por ela e não por ideais egoístas e que conhece e aplica as normas deontológicas da essência desta profissão.
E no mais, o que temos: marketing, fotos bonitas, recompensas para os amigos e um mundo perfeito que não passa de uma dimensão alternativa e digna do realismo mágico, algo tão dúbio como muitos sorrisos amarelos ou forçados.
À barca, à barca senhores, que temos gentil maré neste inferno que é , tantas vezes, o mundo real da advocacia nacional.