
A Polícia Judiciária efetuou uma operação de grande envergadura na Grande Lisboa, que resultou na detenção de cinco indivíduos ligados ao setor privado do transporte de mercadorias, todos fortemente indiciados pelos crimes de corrupção ativa e passiva e branqueamento de capitais. Em causa estão pagamentos ilícitos de dezenas de milhares de euros que envolviam adjudicações fraudulentas de serviços logísticos, num esquema que terá começado em 2021.
A ação foi conduzida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da PJ e visou desmantelar um esquema sofisticado de favorecimento empresarial, no qual os detidos — com idades entre os 41 e os 55 anos, de nacionalidade portuguesa e estrangeira — usavam o seu controlo sobre empresas de transporte para beneficiar negócios mediante pagamento em numerário ou transferências para contas de terceiros.
Entre os detidos está um alto responsável de um grupo empresarial internacional de logística, que adjudicava serviços a troco de valores previamente combinados com os restantes suspeitos. Segundo a investigação, o ‘modus’ operandi consistia na exigência de um pagamento diário, em troca da atribuição de contratos, distorcendo as regras da concorrência e comprometendo a integridade das relações comerciais privadas.
A operação incluiu seis buscas domiciliárias e uma não domiciliária, das quais resultou a apreensão de provas relevantes, em formato físico e digital, que sustentam as acusações. Para além das detenções, foram ainda constituídas arguidas duas pessoas singulares e duas empresas.
A PJ considera que a prática delituosa em causa traduz uma grave quebra de deveres funcionais e de lealdade empresarial, com impacto direto no normal funcionamento do mercado. O caso é conduzido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Loures, onde os detidos serão presentes a primeiro interrogatório judicial nas próximas horas, para aplicação das medidas de coação consideradas adequadas.
Este é mais um sinal claro de que o combate à corrupção no setor privado ganha força, com a PJ a reforçar a vigilância sobre práticas que distorcem a economia e penalizam empresas que cumprem a lei. As investigações continuam em curso e novas diligências poderão ser desencadeadas nos próximos dias.