As novas tabelas de retenção na fonte do IRS entram em vigor esta segunda-feira e vão trazer um alívio temporário no bolso de mais de dois milhões de portugueses. Os salários de agosto e setembro serão atualizados com retroativos a janeiro, resultando num rendimento disponível mais elevado durante estes dois meses. Mas atenção: em outubro os cortes voltam e os salários vão encolher novamente.

A bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, Paula Franco, alerta que este aumento nos rendimentos é provisório e explica que os valores a mais agora pagos são apenas um ajuste retroativo, devido à nova estrutura das tabelas. A partir de outubro, os descontos voltam aos níveis normais, o que pode gerar surpresa e até frustração entre os trabalhadores.

“Em agosto e setembro vamos ter uma redução mais acentuada na retenção, com retroatividade desde janeiro. Mas em outubro os portugueses voltam a receber menos”, afirmou Paula Franco.

A contabilista reforça que este tipo de alteração gera confusão entre os contribuintes, que muitas vezes não compreendem que a retenção na fonte é apenas um adiantamento do IRS — e que valores mais baixos agora significam possivelmente menos reembolso ou mais imposto a pagar no próximo ano.

“É importante que a comunicação social reforce esta informação. Em 2024, muitos portugueses esqueceram-se que tinham recebido mais nos meses anteriores, e ficaram surpreendidos com os acertos no IRS”, recorda Paula Franco.

A recomendação para os próximos meses é cautela na gestão do orçamento familiar. Os aumentos em agosto e setembro não representam um acréscimo definitivo no rendimento anual, mas apenas uma compensação técnica por valores retidos em excesso desde janeiro.