O primeiro-ministro, Luís Montenegro, reagiu esta segunda-feira ao repto lançado pelo secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que propôs um Acordo Estratégico para um Plano de Desenvolvimento Nacional e de Capacitação da Defesa. Durante um evento organizado pela SIC, Montenegro classificou a proposta como “muito positiva e construtiva”, sublinhando a importância do papel dos socialistas na definição de uma estratégia de longo prazo.

“O PS é essencial quando queremos firmar uma estratégia de longo prazo”, afirmou o líder do Executivo, sinalizando disponibilidade para um entendimento alargado, mas sem fechar portas a outras forças políticas. Para Montenegro, o diálogo deve abranger todos os partidos com representação parlamentar, sublinhando que, “quando for necessário aprovar instrumentos legislativos e eventualmente documentos estratégicos”, está disposto a escutar todas as bancadas.

“Com todos, nem sequer circunscrevo aos dois maiores partidos da oposição. Acho que esses são os mais importantes, porque são aqueles que se afiguram como alternativas futuras de Governo. Todos são importantes”, reiterou o primeiro-ministro, assumindo um posicionamento de abertura negocial alargada.

Confrontado pelo jornalista Bernardo Ferrão sobre a hipótese de um entendimento direto apenas com o Chega, Montenegro evitou responder diretamente, frisando haver mais partidos no leque de possíveis parceiros e que a construção de consensos dependerá da adesão à estratégia nacional em causa.

A resposta do primeiro-ministro surge num momento de intensificação do debate político em torno da defesa nacional e do papel de Portugal no contexto da segurança europeia, num cenário onde os consensos alargados ganham crescente relevo.

A proposta do PS coloca em cima da mesa a criação de um plano de longo prazo com implicações orçamentais, militares e tecnológicas, que poderá exigir compromissos entre Governo e oposição, fora do registo habitual da alternância partidária. A abertura de Montenegro poderá marcar o início de um novo ciclo de concertação estratégica, num dos dossiês mais sensíveis da governação atual.

O posicionamento de Luís Montenegro revela também uma tentativa de se afirmar como um primeiro-ministro de diálogo institucional, capaz de gerar consensos parlamentares estruturais, sobretudo em matérias que extravasam a conjuntura política imediata.