A Universidade de Évora, com o seu instituto MED, juntamente com mais duas unidades de investigação, o CE3C e o CENSE, lançou um projeto designado de “Montado Living Lab”.

O projeto inclui 20 produtores alentejanos, mais 20 parceiros, entre associações locais, empresas ligadas ao setor da cortiça e da produção de carne e ainda a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR) do Alentejo.

Segundo Teresa Pinto Correia, investigadora no instituto MED da Universidade de Évora e líder do projeto Montado Living Mab, em declarações a’ODigital.pt, trata-se assim de um Laboratório Vivo, o que pressupões «a ideia de trabalhar, não dentro do laboratório, mas no campo e em situações reais».

Neste caso, a intenção passa por investigar as parcelas cedidas pelos produtores, «que eles usam para produção», com o foco de «analisar a saúde do solo».

«O principal foco deste laboratório vivo, por agora, é como é que isso se consegue melhorar», acrescentou a investigadora, sublinhando ainda que «p solo em geral está muito degradado em muitas das explorações do montado».

Assim, a investigação é «pensada e decidida em conjunto», trabalhando «complexidade do sistema na sua versão real».

«Neste caso, é em explorações agrícolas privadas que tem como principal intuito a atividade económica, de exploração da floresta e da produção pecuária», reiterou Teresa Pinto Correia.

A líder do projeto explicou que já se começou a fazer a «caracterização de todas estas parcelas em termos de como é que está o solo». Desta forma, foram feitas «análises, todas segundo o mesmo protocolo e a mesma metodologia de levantamento das amostras para entender o que é que existe».

Após este passo, é «começar a colocar as questões», ou seja, «O solo tem este problema, como o vamos resolver? Que resultados é que podemos esperar com diferentes tipos de tratamentos e de práticas? Que benefícios é que estes resultados podem trazer para a saúde do Montado? Como é que se melhora o solo? Que investimento é que é preciso para melhorar o retorno? O que se pode esperar desse investimento?».

A investigadora destacou que o projeto abrange «muitos» investigadores, uma vez que são «três entidades de investigação com muitíssimos investigadores».

«No total, temos cerca de 300 investigadores», revelou, dizendo ainda que «não vão todos estar a trabalhar no Montado, mas potencialmente podemos ter muitas áreas diferentes a trabalhar, fazendo investigação, obtendo resultados e continuando a trabalhar sobre as mesmas parcelas para nos permitir ter dados de longa duração».

Teresa Pinto Correia enfatizou que o projeto «não tem duração», pelo que poderá durar «10 ou 20 anos», até porque «não vamos abandonar as parcelas».

Isto porque, «mais tarde, poderá haver muitos contributos, porque o sistema realmente é muito complexo» e «esperamos que isto continue».

A líder da iniciativa vincou também que «os produtores se comprometem a ceder aquela parcela e facilitar o processo de investigação, embora continuem a usá-la dentro do sistema produtivo».

Algo que não é habitual, pelo menos, em Portugal: «Temos muita dificuldade em ter estas parcelas experimentais de longa duração».

«São muito importantes para perceber o que é que vai acontecendo e quais são os efeitos, de médio e longo prazo, das intervenções que se fazem», complementou a investigadora, referindo que «o efeito a curto prazo é, muitas vezes, o menos importante».