
Ex-primeiro-ministro evitou falar sobre o julgamento da Operação Marquês e acusou a comunicação social de parcialidade. Jornalistas abandonaram a entrevista.
No quarto dia do julgamento da Operação Marquês, José Sócrates voltou a centrar atenções ao dirigir-se aos jornalistas, esta quinta-feira, com duras críticas à comunicação social. À chegada ao Campus da Justiça, em Lisboa, o ex-primeiro-ministro reiterou acusações de que os órgãos de comunicação estão a “defender o Ministério Público”, evitando responder a qualquer questão relacionada com o processo em curso.
“Quando quiser parar, faça o favor de parar (…) eu continuo a fazer esta crítica, que acho uma crítica justa ao jornalismo português”, afirmou, interrompendo perguntas da imprensa e insistindo no tom acusatório que já tem vindo a repetir ao longo dos últimos dias.
A atitude levou os jornalistas presentes, liderados pela equipa da SIC, a abandonar a entrevista em protesto.
Entretanto, as intervenções de José Sócrates no tribunal têm sido marcadas por tensão. A juíza Susana Seca já teve de adverti-lo formalmente por comportamentos considerados desrespeitosos para com o tribunal.
O julgamento da Operação Marquês arrancou na semana passada, quase 11 anos após a detenção do ex-governante no aeroporto de Lisboa. Em causa estão 117 crimes, entre os quais corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, que envolvem Sócrates e outros 20 arguidos. Estão previstas mais de 650 testemunhas ao longo do julgamento.