O Cineteatro Florbela Espanca, em Vila Viçosa, recebe desde esta sexta-feira, até ao próximo dia 27 de julho, a Exposição “Vila Viçosa – Pintura Naif”.

A autoria é de António José Ramos Santos, artista calipolense, que expõe assim 37 dos seus trabalhos, alguns deles já premiados a nível nacional.

Em declarações aos jornalistas, o artista destacou que tem patentes trabalhos «com 20 anos» e outros «que têm um mês» e que as peças «tem estado no museu da minha casa».

Confessou que a exposição surgiu de um convite feito pelo município, que pediu «se não me importava de fazer», o que António Ramos Santos aceitou, mas «eles é que escolheram os trabalhos».

«Não pude trazer trabalhos maiores e tenho pena de não os poder mostrar, mas fica para outra oportunidade», acrescentou o artista.

Desta forma, destacou que pinta o que tem na memória, como o «mercado que foi demolido e a procissão de bandeiras que acabou em 1958»: «Tudo isto que aqui está é do meu tempo».

«Eu pinto porque acho que tem muito interessante os antigos calipolenses», sublinhou António Ramos Santos, realçando ainda que está «satisfeito», uma vez que «sei que as pessoas têm gostado».

O artista revelou que tem na sua coleção particular «à volta de 300 trabalhos» e que está à disposição de «qualquer instituição que queira fazer uma exposição».

«Tenho aqui todas as aldeias, todas as igrejas e todos os monumentos que existem no concelho de Vila Viçosa e só no concelho de Vila Viçosa», complementou, dizendo ainda que «metade das obras estão à venda».

Já Tiago Salgueiro, vice-presidente da autarquia, destacou que Vila Viçosa «é uma terra de artistas» e que o objetivo passa por «valorizar essa componente mais humanista ligada à terra»

Em relação a António Ramos Santos, considerou-o como «um artista naif já consagrado» e «multifacetado», uma vez que «para além da pintura, faz também trabalhos em cortiça».

No entanto, com obras ao estilo naif expostas, o vice-presidente realçou o facto da memória, ou seja, de pintar as vivências, neste caso, antigas.

«Todas essas vivências, muitas delas também já perdidas, acabam por ser integradas e valorizadas nestes trabalhos», como é o caso das Festas dos Capuchos, que «está sempre presente na obra do António José Santos, assim como outros monumentos que são os ex-libris da nossa terra», disse Tiago Salgueiro.

O autarca enfatizou que «é nossa obrigação pessoal enquanto município, também valorizar os artistas locais», até porque «temos de nos apegar essa herança que é patrimonial, cultural, histórica e a partir daí também construir o futuro»

«Isso faz-se através destes momentos de partilha, de convívio e de reforço da identidade calipolense», acrescentou.

Valorização esta que beneficia do cineteatro, pois «resolveu-nos uma série de problemas que têm a ver com esses pedidos de exposições temporárias dos diversos artistas».

«Os artistas calipolenses têm aqui uma oportunidade única de mostrar a sua arte e evidenciar esse trabalho que muitas vezes é inspirado em Vila Viçosa», atirou Tiago Salgueiro.

De seguida, fique com as imagens da inauguração da exposição.