
A cooperativa de solidariedade social Human Coop, com sede em Abrantes, anunciou hoje a implementação do projeto “Dem.Care.Abt”, uma iniciativa de inovação social centrada na intervenção nas pessoas com demência e seus cuidadores, numa zona carenciada de respostas.
“Vamos aplicar dois métodos de intervenção inovadores e pioneiros em Portugal, junto de 128 pessoas com demência em Abrantes, com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida e bem-estar, e, paralelamente, iremos apoiar os seus cuidadores, ajudando a reduzir sintomas de sobrecarga emocional e a aumentar o sentimento de confiança no cuidar”, disse hoje à Lusa a coordenadora do projeto, Ana Santos, co-fundadora da Human Coop, sediada naquele concelho do distrito de Santarém.
A apresentação do projeto decorreu hoje na Casa do Povo de Arreciadas, tendo Ana Santos indicado que a candidatura da Human Coop, válida para os próximos dois anos e apoiada em 155 mil euros através do programa Portugal Inovação Social, conta com a parceria da ‘De casa me casa’, uma empresa especializada em cuidadores, e o apoio da Hyperion Renewables (em 30 mil euros) e do município de Abrantes (2 mil euros), como investidores sociais.
O projeto, que junta financiamento público e privado, visa “responder, de forma humanizada e descentralizada, ao desafio do envelhecimento com demência em Portugal”, explicou a responsável da Human Coop, que centraliza a intervenção do programa no concelho de Abrantes.
“Não existindo, até à data, respostas específicas para esta problemática em Abrantes nem nos concelhos vizinhos, e conhecendo as dificuldades enfrentadas pelos doentes e pelos seus cuidadores, a Human Coop procurou, desde sempre, oportunidades de financiamento que possibilitassem criar uma resposta adequada” à região onde se insere, tendo adiantado que o projeto arranca em 25 de agosto e vai intervir junto de um total de 256 pessoas.
“Pretendemos intervir junto de 128 pessoas com demência e 128 cuidadores, num total de 256 beneficiários diretos. Para isso, serão realizados quatro ciclos de intervenção, com a duração de cinco meses cada, abrangendo, em cada ciclo, 32 pessoas com demência e 32 cuidadores”, declarou.
Tendo feito notar que as demências, ou perturbações neurocognitivas, são um “conjunto de doenças que afetam o desempenho cognitivo, comprometendo a autonomia e a independência da pessoa”, representando “uma condição clínica neurodegenerativa e irreversível para a qual ainda não existe cura”, Ana Santos disse que o programa aponta a benefícios no âmbito do “retardar” a evolução da doença para as pessoas com demência e em dar conhecimento e “estratégicas” aos cuidadores.
O projeto pretende “aliviar a sobrecarga emocional” dos cuidadores e dar-lhes “estratégias para conseguirem lidar e viverem esta relação de família, ou de cuidador, da melhor forma”.
Segundo Ana Santos, para as pessoas com demência, o programa vai “aplicar dois métodos de intervenção inovadores e pioneiros em Portugal”, não farmacológicos, com o objetivo de “melhorar a sua qualidade de vida e bem-estar”.
Um dos programas, explicou, utiliza terapias aquáticas (em piscina), com “benefícios cognitivos, físicos, emocionais e sociais.
O segundo é uma “abordagem multissensorial que conjuga ritmo, música, movimento, fala e estímulos cognitivos, promovendo a neuroplasticidade”, e que será aplicado em pequenos grupos.
“Desde a sua fundação”, em 2019, “um dos grandes objetivos da Human Coop tem sido criar uma resposta específica para as demências. Este objetivo estava inicialmente previsto para o médio ou longo prazo, mas, com a oportunidade proporcionada pelo programa Portugal Inovação Social, o sonho será realidade mais cedo”, concluiu.