A ANA – Aeroportos de Portugal vai apresentar ao Governo uma proposta de revisão das especificações técnicas mínimas previstas para o novo aeroporto de Lisboa, a construir no Campo de Tiro, na freguesia de Samora Correia. A intenção é alinhar a infraestrutura com as necessidades atuais do setor da aviação, reduzindo significativamente os custos do projeto. A informação foi avançada ao jornal ECO pelo presidente executivo da concessionária, Thierry Ligonnière.

A proposta integrará o Relatório das Consultas, documento que sintetiza os contributos de 45 entidades, incluindo companhias aéreas, empresas de assistência em escala, autoridades aeronáuticas e autarquias. O relatório será entregue ao Governo até 17 de julho e incluirá também propostas de alteração ao Anexo 16 do contrato de concessão, onde se definem as características mínimas da futura infraestrutura aeroportuária.

Segundo o ECO, uma das alterações sugeridas incide sobre o comprimento das pistas. O contrato atual prevê duas pistas de 4.000 metros, mas, segundo Ligonnière, essa dimensão não é necessária face à evolução da aviação comercial. A concessionária argumenta que uma pista de 3.000 metros seria suficiente para a maioria das operações, dispensando o dimensionamento para aeronaves como o Airbus A380. Esta alteração pode ter impacto direto na redução de custos e na moderação das taxas aeroportuárias, que haviam sido alvo de críticas por parte das companhias aéreas.

Em janeiro, a ANA estimava um custo de 8,5 mil milhões de euros para a construção do Aeroporto Luís de Camões, valor a preços de 2024, prevendo o seu financiamento através do aumento das taxas e da extensão do prazo de concessão até 2092. Essa proposta motivou reservas por parte do Governo, que manifestou vontade de rever os pressupostos financeiros do projeto.

O presidente da ANA sublinha que o novo aeroporto deve responder a diferentes exigências operacionais, conciliando os interesses de companhias aéreas low cost, que privilegiam embarques em pista, com os das companhias premium, que preferem pontes telescópicas. Também as áreas e a dimensão global do terminal estão em revisão.

Caso o Governo aceite as alterações às especificações mínimas, a concessionária avançará com a elaboração do estudo prévio da infraestrutura, que será a base para a Avaliação de Impacte Ambiental. O prazo contratual para apresentação da candidatura termina em janeiro de 2028, embora o Executivo tenha manifestado intenção de acelerar o processo.

“Trata-se de um projeto estratégico para a Vinci e obriga à mobilização das melhores competências do grupo”, afirmou Thierry Ligonnière ao ECO, acrescentando que estão envolvidas equipas nacionais, internacionais e consultoras especializadas. O calendário atualmente em vigor prevê a conclusão da obra em 2037.