Com a chegada do verão, um fenómeno muito característico de Portugal volta a ganhar vida: o regresso dos nossos emigrantes. Vindos de países como França, Suíça, Luxemburgo, Alemanha ou mesmo do outro lado do Atlântico, milhares de portugueses que vivem no estrangeiro regressam às suas terras natais para passar férias junto das suas famílias, reviver tradições e matar saudades.

Este período é particularmente marcante nas zonas rurais e nas pequenas aldeias do interior do país, onde a chegada dos emigrantes representa uma verdadeira explosão demográfica. Aldeias que, durante o resto do ano, vivem num sossego quase absoluto enchem-se subitamente de movimento, cor e alegria. O som das conversas nas ruas, os encontros entre vizinhos e os reencontros entre familiares transformam o ambiente local, trazendo-lhe uma nova energia.

Coincidindo muitas vezes com as festas populares e religiosas, este regresso anual reforça também o valor das tradições e das raízes culturais. Romarias, procissões, arraiais e bailes populares ganham uma nova dimensão com a presença dos emigrantes, que participam com entusiasmo e orgulho, contribuindo para manter viva a identidade local. Estes eventos são mais do que simples celebrações; são momentos de união e de partilha, que reforçam o sentimento de pertença a uma comunidade.

Do ponto de vista económico, esta vaga sazonal de visitantes tem um impacto muito positivo nas economias locais. O comércio, que durante grande parte do ano vive com dificuldades, conhece nestas semanas um aumento significativo de atividade. Restaurantes, cafés, padarias, talhos, mercearias e outros pequenos negócios registam um crescimento nas vendas. Os mercados e feiras locais também se enchem de vida, impulsionando os produtores regionais. Há mais consumo, mais procura por bens e serviços e, consequentemente, mais oportunidades de rendimento para quem depende da economia local.

Além disso, muitas famílias aproveitam este período para realizar pequenas obras nas suas casas ou investir em propriedades, o que dinamiza também o setor da construção civil e dos serviços associados. Este movimento contribui para revitalizar zonas envelhecidas, mantendo-as habitáveis e com melhores condições.

Em suma, o regresso dos emigrantes não é apenas um fenómeno sentimental ou cultural. É um motor económico temporário, mas vital, que ajuda a manter vivas as nossas aldeias e tradições. É um tempo de reencontro, de celebração e de esperança, onde se renova o elo entre quem partiu e a terra que os viu nascer.

E mais não digo…