
Por que é que as pessoas acreditam em teorias da conspiração, isto é, narrativas que tentam explicar eventos ou fenómenos sem evidências empíricas sólidas? Estas crenças podem parecer intrigantes, mas não são aleatórias.
A psicologia oferece 'insights' sobre o que as motiva. Uma nova meta-análise de 279 estudos ajuda a explicar o 'porquê' por trás do pensamento conspiratório.
O investigador Matthew Facciani, citado pelo Psychology Today, explica que a nova meta-análise constata que estas crenças estão ligadas a três motivações psicológicas principais.
1. Motivos epistémicos: querer entender o mundo
"Motivos epistémicos referem-se à nossa necessidade de entender a verdade. Quando as pessoas se sentem inseguras, confusas ou sobrecarregadas por eventos complexos, podem recorrer a teorias da conspiração para sentir que descobriram uma verdade oculta. Acreditar numa conspiração secreta pode dar às pessoas uma sensação de clareza, mesmo que a crença seja falsa. Em vários estudos, pessoas que relataram sentir-se inseguras ou que não confiavam em fontes oficiais eram mais propensas a endossar explicações conspiratórias."
2. Motivos existenciais: desejo de controlo e segurança
"Crenças conspiratórias também estão ligadas a sentimentos de impotência ou falta de controlo. Quando as pessoas se sentem ansiosas ou vulneráveis (especialmente durante crises), podem adotar crenças conspiratórias como forma de tornar o mundo mais previsível. Essas crenças podem oferecer uma espécie de defesa psicológica, dando às pessoas alguém para culpar ou uma razão para os eventos maus. A revisão constatou que as pessoas com uma necessidade mais forte de se sentirem seguras ou no controlo eram mais propensas a ter crenças conspiratórias."
3. Motivos sociais: querer sentir-se bem conosco próprios e com os nossos grupos
"Às vezes, as pessoas acreditam em teorias da conspiração para se sentirem especiais, superiores ou parte de um grupo unido. Essas crenças podem fomentar um senso de identidade: 'Nós sabemos a verdade e os outros não'. Em particular, as pessoas que se sentem socialmente excluídas ou que desconfiam de estranhos são mais propensas ao pensamento conspiratório. O desejo de manter uma imagem positiva do próprio grupo, especialmente perante ameaças, também impulsiona esse tipo de crença. Isso alinha-se com estudos que mostram que pessoas que acreditam em teorias da conspiração frequentemente presumem que os seus amigos concordam com elas, reforçando e estabilizando essas crenças."