Adquirir um carro novo, seminovo ou usado continua a ser uma das decisões financeiras mais relevantes para muitas famílias em Portugal.

Seja pela necessidade de deslocação para o trabalho, pela comodidade do dia a dia ou pelo simples prazer de conduzir, ter um veículo próprio faz parte do padrão de vida de muitos portugueses.

No entanto, poucos podem pagar a pronto, razão pela qual um crédito automóvel se configura como uma solução prática, mas será que tem conhecimento de tudo o que é importante considerar antes de avançar com a contratação deste tipo de financiamento?

Neste artigo, reunimos os principais pontos a ter em conta antes de assinar qualquer contrato. O objetivo? Ajudá-lo a efetuar uma escolha informada, segura e adequada à sua carteira.

Comece por avaliar o seu orçamento

Antes de escolher o carro dos seus sonhos, há uma pergunta essencial que deve colocar a si próprio: quanto pode pagar por mês sem comprometer o seu equilíbrio financeiro?

Muitos consumidores entusiasmam-se com o valor da mensalidade e esquecem-se de incluir outros custos recorrentes como combustível, seguro, manutenção, Imposto Único de Circulação (IUC) e eventuais reparações em caso de avaria ou sinistro.

Uma boa prática passa por não ultrapassar 30% do seu rendimento mensal com encargos financeiros, incluindo o crédito automóvel. Para isso, vale a pena simular vários cenários e definir um teto máximo confortável, mesmo que o banco se mostre disponível para emprestar uma quantia superior.

Novo ou usado: qual a melhor opção?

O mercado automóvel em Portugal oferece boas oportunidades tanto para viaturas novas, como usadas. Os carros novos têm garantia de fábrica, tecnologia mais avançada e custos de manutenção relativamente reduzidos nos primeiros anos. Já os usados permitem poupar bastante no valor de aquisição, mesmo quando têm poucos quilómetros.

No que concerne o financiamento, também existem diferenças consideráveis. Em muitos casos, os créditos para carros novos têm taxas de juro mais competitivas. No entanto, alguns bancos e demais instituições credoras oferecem condições atrativas para viaturas usadas, especialmente quando compradas em stands parceiros.

Conheça os tipos de crédito automóvel disponíveis

Ao financiar a aquisição de uma viatura, tem várias opções ao seu dispor. As mais comuns são:

Crédito automóvel tradicional

Este é o modelo mais direto: o banco ou entidade credora empresta-lhe o valor necessário para a compra do carro e, em contrapartida, procede ao reembolso em prestações mensais. O automóvel fica imediatamente registado em seu nome, podendo, contudo, assumir o papel de garantia do crédito até ao final do contrato sob a forma de reserva de propriedade.

Leasing

Nesta modalidade, o carro é propriedade da entidade credora ao longo de todo o contrato. No final, terá a opção de comprá-lo por um valor residual. É uma solução interessante para quem troca de automóvel com frequência ou pretende obter mensalidades mais baixas.

Aluguer de Longa Duração (ALD)

O ALD é semelhante ao leasing, embora inclua a prestação de determinados serviços como manutenção, troca de pneus e subscrição de apólice de seguro. Há também que sublinhar que a opção de compra no final do contrato não se encontra implicada. É mais popular entre empresas, se bem que alguns particulares também optam por esta fórmula.

Taxa fixa ou variável: qual a melhor opção?

A maioria dos créditos automóveis em Portugal tem taxa fixa, o que significa que pagará sempre o mesmo valor por mês, independentemente das flutuações nas taxas de juro de mercado. Esta opção proporciona previsibilidade, algo de essencial para quem pretende manter um controlo mais restrito sobre o seu orçamento.

Já a taxa variável pode compensar em momentos de taxas de juro baixas, apesar de, em contrapartida, implicar um risco maior. No que concerne um crédito automóvel, a estabilidade costuma pesar mais do que a possível poupança.

Compare a TAEG e o MTIC – não se fique apenas pela prestação

É perfeitamente comum focar-se somente no valor da prestação mensal, embora deva analisar atentamente dois indicadores determinantes:

  • A Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (TAEG): a TAEG compreende não só os juros, mas também comissões, seguros obrigatórios e demais encargos;
  • O Montante Total Imputado ao Consumidor (MTIC): o MTIC revela-lhe quanto irá pagar no total (encargos e comissões incluídos) ao longo de todo o contrato.

Estes dois indicadores permitem-lhe comparar propostas diferentes de forma objetiva, mesmo que as prestações propostas sejam semelhantes.

Leia atentamente todas as cláusulas do contrato

Antes de assinar e de se comprometer, leia o contrato detalhadamente e certifique-se de que compreende:

  • A respetiva duração;
  • As penalizações por incumprimento ou reembolso antecipado;
  • Os seguros obrigatórios associados;
  • A possível existência de encargos de abertura ou manutenção.

Em caso de dúvida, peça esclarecimentos. Um contrato de crédito é um compromisso sério e deve ser encarado com a devida responsabilidade.

Está a pensar em trocar de carro brevemente?

Se é daquelas pessoas que gosta de trocar de carro de 4 em 4 anos, mesmo antes da primeira inspeção periódica obrigatória (IPO), talvez o leasing ou o ALD sejam mais indicados. Estes modelos não o prendem a um único veículo por demasiado tempo e, muitas vezes, incluem planos de manutenção que ajudam a controlar os custos.

Por outro lado, se pretende manter o carro por vários anos, o crédito automóvel tradicional pode ser a melhor escolha, permitindo-lhe ficar com a viatura no final do contrato sem encargos adicionais.

O papel da entrada inicial

Dar uma entrada inicial (o valor pago logo na assinatura do contrato) pode reduzir significativamente o montante financiado e, por conseguinte, os juros totais a pagar. Se tiver algum dinheiro de parte ou uma viatura que pretenda trocar, pondere dar uma entrada que lhe permita poupar a médio prazo.

Conclusão: financiar com cabeça, não com emoção

Comprar um carro é um momento de entusiasmo, mas também exige alguma frieza. Ao optar por um crédito automóvel, estará a assumir um compromisso financeiro que deve ser sustentável.

O segredo está em conhecer bem as opções disponíveis, comparar propostas e tomar decisões com base no seu orçamento, e não apenas nos seus desejos.

Com informação, simulações e alguma ponderação, é possível fazer uma escolha