
Audrey Azoulay referiu que estão a ser criados programas de formação especializada para arqueólogos, arquitetos e professores de património, incluindo a "implementação de programas e ferramentas para reforçar a competência entre uma nova geração de profissionais africanos".
A atual sessão do Comité do Património Mundial, que começou na segunda-feira, em Paris, examina até domingo as candidaturas para aderir à lista do Património Mundial, numa altura em que a UNESCO assumiu na sua estratégia apoiar os 11 países africanos que nunca conseguiram ver um sítio integrar a lista.
Entre elas estão as "águas azul-turquesa do arquipélago dos Bijagós (Guiné-Bissau), os seus mangais, reservas excecionais da biosfera, o Parque Nacional de Maputo, um dos cinco locais indicados com "excecional potencial", e também as florestas de Gola Tiwai (Serra Leoa), refúgio de espécies ameaçadas como os elefantes florestais", as Montanhas Mandara, nos Camarões, e o Monte Mulanje, no Malaui.
O compromisso da Organização das nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) e da sua diretora geral, Audrey Azoulay, com os países de África foi também destacado pelo responsável do Centro do Património Mundial da organização, Lazare Eloundou Assomo.
"Desde a sua chegada em 2018, Audrey Azoulay fez de África não só a sua prioridade, mas também uma das prioridades globais da UNESCO. E começamos a ver resultados muito positivos", disse.
O orçamento dedicado a África aumentou para atingir em 2025 mais de um quarto do orçamento total da organização da ONU (27%), mas o objetivo de ter África mais representada está ainda longe, como mostram os dados oficiais.
O número de locais inscritos na África subsaariana passou de 93 para 108 nos últimos anos, uma proporção baixa num total de mais de 1.200 locais à escala global.
A UNESCO começou, nos anos 1990, a incluir mais "culturas vivas", até então pouco representadas o que permitiu, por exemplo, que locais sagrados e as construções de barro sejam incluídos na lista do Património Mundial devido ao seu significado espiritual, social ou simbólico.
No entanto, Eloundou Assomo e Audrey Azoulay chamaram a atenção para as ameaças ao património africano.
"O aumento dos conflitos armados, o aquecimento global e a exploração dos recursos mineiros e petrolíferos são desafios que podem pôr em perigo os sítios africanos", disse Assomo.
"A questão do património deve ser encarada como um meio de contribuir para o desenvolvimento, a que muitos países aspiram naturalmente", afirma.
"Em África, vários sítios estão sob constante ameaça devido a uma combinação de fatores: conflito, exploração ilegal e stress ambiental --- como no Parque Nacional Kahuzi-Biega, na República Democrática do Congo, onde apoiámos o encerramento de locais de mineração ilegal e ajudámos a formar 100 guardas ecológicos. E no Sudão, a UNESCO está a tomar medidas para proteger os sítios do Património Mundial e as coleções de museus", afirmou a diretora-geral.
A 47.ª reunião do Comité do Património Mundial decorre até 16 de julho, na sede da UNESCO em Paris, França.