
A peça 'Catarina e a Beleza de Matar Fascistas', de Tiago Rodrigues, vai voltar aos palcos em Lisboa em janeiro do próximo ano, na Culturgest, anunciou hoje a sala lisboeta.
Em comunicado, a Culturgest revelou que a peça vai estar em cena entre 12 e 17 de janeiro, incluindo uma sessão com legendas em inglês (15 de janeiro) e outra com legendas descritivas e audiodescrição (dia 17), que, devido à elevada procura, vai ter lugares reservados para pessoas que necessitam destes recursos.
Os bilhetes custam 25 euros.
Antes, em 6 e 7 de janeiro, a peça vai estar no Theatro Circo, em Braga, de acordo com o 'site' do encenador e autor.
Com texto e encenação de Tiago Rodrigues, atual diretor do Festival de Avignon, em França, o elenco da peça conta com António Parra, António Fonseca, Beatriz Maia, Carolina Passos Sousa, Isabel Abreu, João Vicente, Marco Mendonça e Romeu Costa.
A cenografia é de F. Ribeiro e os figurinos de José António Tenente, com desenho de luz de Nuno Meira e colaboração artística de Magda Bizarro.
"Catarina e a Beleza de Matar Fascistas" centra-se numa família que tem por tradição matar fascistas, ritual que a mais nova de todos, Catarina, se recusa a cumprir, por entender que todas as vidas devem ser defendidas. O espetáculo culmina com um longo monólogo do dirigente de extrema-direita, que alcança maioria absoluta e conquista o poder.
A peça teve estreia em setembro de 2020, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, e mantém-se em cena desde então, acumulando prémios e representações em salas internacionais de espetáculo, nos diferentes continentes.
Em Roma, a sua estreia foi acompanhada de protestos de forças de extrema-direita, com um deputado do partido Irmãos de Itália (Fratelli d'Italia, agora no Governo), Federico Mollicone, a pedir que o espetáculo fosse retirado do cartaz.
Em 2022, numa entrevista promovida pelo Clube de Jornalistas, em parceria com a agência Lusa e a Escola Superior de Comunicação Social, Tiago Rodrigues afirmava que a peça termina daquela forma "porque é uma tragédia".
"Ali o que acontece é a vitória da extrema-direita pela incapacidade, a impossibilidade de uma democracia, naquele caso uma família que quer defender a democracia pela violência e mesmo assim é incapaz de impedir a vitória de um discurso fascista e antidemocrático", disse.
"O discurso é tão insuportável, tão provocatório que o público não pode senão reagir", prosseguiu Tiago Rodrigues, na mesma entrevista, recordando reações diversas, em diferentes palcos: "Em Portugal, têm cantado a 'Grândola', em Itália, a 'Bella Ciao', em Viena, o público levantou-se. Ver esses públicos reagir é algo que me devolve confiança, mas ao mesmo tempo preocupa-me que o público tão facilmente se revolte contra um ator".