
As autoridades reguladoras da União Europeia (UE) estão a planear o seu primeiro teste de stress a instituições não bancárias, para procurar vulnerabilidades no restante sistema financeiro, como resposta a receios decorrentes do rápido crescimento de grupos menos regulamentados, como ‘hedge funds’ e ‘private equity’, avança o Financial Times.
Os planos das autoridades europeias para examinar o impacto de uma potencial crise do mercado no sistema financeiro mais alargado, que também incluiria fundos de pensões e seguradoras, seguem um exercício semelhante já realizado pelo Banco de Inglaterra no ano passado.
Segundo apurou o jornal, as autoridades financeiras da UE ainda estão a discutir os pormenores de um teste de resistência a instituições não bancárias que abranja todo o sistema, mas estão otimistas quanto à possibilidade de o mesmo ser lançado no próximo ano.
Esta medida é suscetível de levantar preocupações entre os gestores de ‘hedge funds’, ‘private equity’ e fundos do mercado monetário, que poderão ser sujeitos a um maior controlo e restrições por parte dos reguladores europeus no futuro, salienta o jornal.
As entidades não bancárias representavam cerca de um quarto do total de 19 mil milhões de euros de empréstimos na zona euro no final de 2023, de acordo com o Banco Central Europeu, que afirma que “cada vez mais empréstimos estão a ser concedidos por companhias de seguros e fundos de pensões”.
O Financial Times apurou que as autoridades de supervisão estão preocupadas com os riscos potenciais que estas empresas podem apresentar, bem como com as ligações ao sistema bancário. Os empréstimos concedidos pelos bancos da zona euro a essas empresas não bancárias triplicaram desde 1999 e atingiram 6 mil milhões de euros no final de 2023.
O exercício da UE basear-se-á nos testes de resistência setoriais específicos já realizados com bancos, companhias de seguros, fundos do mercado monetário e câmaras de compensação no bloco dos 27 países, refere o jornal.
O objetivo é examinar a forma como uma crise se propagaria entre as diferentes partes do sistema financeiro e se este poderia ampliar o choque em vez de o absorver.