A aliança de pagamentos instantâneos EuroPA – European Payments Alliance, que junta atualmente Portugal (MB WAY), Espanha (Bizum) e Itália (BANCOMAT), vai expandir-se em 2026 para incluir soluções da Noruega, Dinamarca, Finlândia, Suécia e Polónia. Este alargamento permitirá criar uma plataforma pan-europeia com potencial para alcançar até 100 milhões de utilizadores.

A integração das soluções BLIK (Polónia) e Vipps MobilePay (Dinamarca, Finlândia e Noruega) é vista como um passo decisivo para a interoperabilidade dos sistemas de pagamentos digitais na Europa e também para reduzir a dependência de serviços de pagamento dos EUA.

“O alargamento da EuroPA – European Payments Alliance – reforça a ambição da iniciativa para criar um sistema de pagamentos pan-europeu alavancado em soluções já existentes, que são líderes de mercado, contribuindo para uma Europa mais digital, integrada e autónoma no setor dos pagamentos”, refere fonte oficial da SIBS ao Jornal PT50.

Para a entidade responsável pelo MB WAY e membro fundador da aliança, esta expansão significa que os portugueses poderão, num futuro próximo, realizar pagamentos e transferências instantâneas “com a mesma facilidade e segurança” para cada vez mais países europeus.

Para a Europa, sublinha a SIBS, “simboliza uma realização concreta da visão de interoperabilidade e soberania tecnológica, alinhada com os princípios fundadores da União Europeia. Com a integração de novos países no projeto EuroPA, reforça-se uma visão comum que coloca os cidadãos no centro da transformação digital”. Por isso, “estamos muito felizes por darmos as boas-vindas à BLIK e à Vipps MobilePay”.

Integração de plataformas traz desafios tecnológicos e regulatórios

A SIBS refere que vai continuar a ter um papel decisivo neste processo, dada a sua experiência tecnológica e operacional aliada aos mais de 6 milhões de utilizadores em Portugal. “A SIBS contribui com conhecimento tecnológico, experiência operacional e foco na experiência do utilizador. Através da sua liderança, ajuda a garantir que dinamização e concretização da interoperabilidade entre soluções que se traduz em serviços simples, seguros e eficientes para todos os europeus”, acrescenta a operadora.

Apesar do entusiasmo com a expansão, os responsáveis alertam para os desafios tecnológicos e regulatórios que terão de ser cuidadosamente acautelados. Nomeadamente, todas as transações da iniciativa EuroPA adotam os standards e utilizam infraestruturas europeus. A operadora portuguesa refere que está, em conjunto com os parceiros da iniciativa, a desenvolver a base tecnológica e o modelo de colaboração que permite o funcionamento desta interoperabilidade “de forma simples e segura, com elevada disponibilidade e escalabilidade”.

A plataforma EuroPA junta assim oito países e mantém-se aberta ao alargamento a mais. O objetivo é “reforçar a soberania, abrangência e a inclusão dos sistemas de pagamentos europeus”, refere a SIBS, indicando que já decorrem conversações com outras entidades para futuras adesões.

Recorde-se que, ementrevistaaoJornal PT50, Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, já havia defendido que o futuro dos pagamentos na Europa teria de passar por soluções integradas, sublinhando que queria a empresa portuguesa a “liderar o movimento” dos pagamentos pan-europeus.

Reduzir a dependência de plataformas dos EUA

Para reduzir a dependência de serviços de pagamento dos EUA, mais fornecedores europeus de serviços de pagamentos estão a explorar a possibilidade de cooperação entre si. Recentemente, a Iniciativa Europeia de Pagamentos (EPI), responsável peloWero, solução de pagamentos instantâneos internacionais da Alemanha, Bélgica e França, deu conta de que está a discutirumapossível cooperaçãocom a solução pagamentos instantâneos internacionaisEuroPA.

A confirmação das negociações foi dada por Martina Weimert, diretora da Iniciativa Europeia de Pagamentos, em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt. “Basicamente, ambos os lados querem, mas os detalhes técnicos são complexos”, referiu na altura.