Robert Holzmann, governador do Banco da Áustria e membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE), considera que “não existem razões para novas descidas das taxas de juro”. O responsável falou esta quarta-feira ao site MNI e defendeu que já foram tomadas medidas de estímulo à economia, sendo agora necessário avaliar os reais efeitos dessas políticas.

Holzmann afastou por completo a possibilidade de uma nova descida na próxima reunião do BCE, agendada para o dia 24 deste mês. O governador austríaco integra o grupo dos chamados “falcões” do BCE, conhecidos pelas suas posições conservadoras quanto ao impacto dos cortes nas taxas de juro na economia.

Recorde-se que, em junho do ano passado, quando a inflação dava sinais de subida (2,4%) e os 26 membros do Conselho de Governadores decidiram, ainda assim, baixar as taxas de juro, apenas um votou contra essa decisão. Foi precisamente Robert Holzmann, que afirmou: “Se as decisões do BCE são guiadas pelos dados económicos… então devem ser mesmo guiadas por esses dados”.

A verdade é que vários membros do BCE têm manifestado publicamente dúvidas sobre a oportunidade de uma nova descida das taxas já este mês. Um deles é Mário Centeno, que esta semana se mostrou pessimista quanto à evolução da economia da zona euro. “Estabilizar a inflação num cenário de procura deprimida já não é o mesmo jogo”, afirmou o governador. “Temos de ser muito cuidadosos. Não sei se uma descida de 25 pontos base será suficiente. Tudo dependerá da evolução do investimento, do mercado de trabalho e, naturalmente, dos preços”.

Ainda não foram divulgados os dados relativos ao crescimento económico do segundo trimestre deste ano na zona euro. Esses números serão fundamentais para a decisão a tomar no próximo dia 24. A presidente do BCE tem reiterado que o banco está “totalmente dependente dos dados económicos” para tomar as suas decisões.

Durante o Fórum do BCE em Sintra, Christine Lagarde voltou a afirmar que a instituição será “uma âncora de estabilidade num momento de incerteza”, mas alguns dos seus pares receiam que, sem crescimento económico e com o mercado de trabalho a dar sinais de abrandamento, uma nova descida das taxas de juro possa empurrar a zona euro para uma situação de deflação.