
O governador do Banco de Portugal não tem a certeza de que o Banco Central Europeu (BCE) possa descer de novo a taxa de juro este mês. Em entrevista ao canal digital Econostream, nesta segunda-feira, Mário Centeno, afirmou “não estamos aqui para estimular a economia, mas para manter a inflação nos 2%. Mas sem dinamismo económico a inflação não se manterá nos 2%. Não me interpretem mal quando digo que gostaria de estimular a economia, mas com os atuais números vamos continuar a ter uma política restritiva ao redor dos 2% se não existirem sinais positivos”.
O governador mostra-se pessimista em relação ao dinamismo da economia nos próximos trimestres, particularmente ao nível do investimento e do consumo privado, mesmo com o acordo de tarifas com os EUA em redor dos 10%. “Os dados de julho estão perfeitamente alinhados com as previsões do BCE. Chegaremos à reunião de dia 23 com uma quantidade de informação que poderá fundamentar um corte ou uma pausa. Ainda estamos à espera dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, mas precisamos que no terceiro e quatro trimestres a atividade económica recupere, senão haverá um aumento da pressão no mercado de trabalho”, afirma Centeno.
“Estabilizar a inflação num cenário de procura deprimida já não é o mesmo jogo”, diz o governador, “temos que ser muito cuidadosos. Não sei se baixar 25 pontos base será suficiente. Tudo vai depender da evolução do investimento, do mercado de trabalho e, naturalmente, da evolução dos preços”.
No que diz respeito à valorização da moeda europeia em relação ao dólar, Centeno diz que se trata do resultado “do funcionamento do próprio mercado. Se a economia não tiver força suficiente para suportar esta valorização, haverá correções. Temos que ver o que vai acontecer”.