
Os realizadores Darren Aronofsky e Eliza McNitt são dois dos primeiros cineastas a colaborar com a Google na nova ferramenta Gemini Flow, que permite criar filmes com Inteligência Artificial através de descrições, anunciada hoje na conferência Google I/O.
O primeiro projeto apresentado hoje em Mountain View, Estados Unidos, chama-se "Ancestra", combina imagens filmadas com pessoas reais e imagens criadas pela ferramenta da Google, que é uma evolução da VideoFX e usa as capacidades generativas da nova plataforma Veo3.
"Filmámos desempenhos muito emotivos mas depois gerámos vídeo que nunca poderíamos ter captado", explicou a realizadora Eliza McNitt, autora de "Ancestra". Isso inclui imagens de si própria como bebé ainda dentro da barriga da mãe. "É outra lente através da qual posso ver o mundo", descreveu.
A curta-metragem estreia-se no dia 13 de junho no Tribeca Festival, em Nova Iorque, e é o primeiro lançamento do novo estúdio de filmes IA de Darren Aronofsky, Primordial Soup, que assinou um acordo com a unidade Google DeepMind. A estreia do filme em Portugal, onde a Impresa - grupo que integra o Expresso e a SIC - organiza o Tribeca Festival Lisboa, ainda não foi anunciada.
"Tem sido muito interessante ver as forças e limites destes modelos e tentar modelá-los para criar ferramentas narrativas", disse Aronofsky, num vídeo mostrado no encontro I/O. O cientista da Google Jason Baldridge disse, durante a conferência que decorre hoje em Mountain View, Califórnia, que a tecnológica desenvolveu a ferramenta Gemini Flow com base nas necessidades dos cineastas.
A ferramenta tem controlos de câmara como "aproximar" ou "mover para a direita", permite editar cenas e expandir cenas já existentes e ainda organizar todos os "ingredientes" e descrições.
Dave Clark, Henry Daubrez e Junie Lau são outros cineastas que estão a utilizar a novidade para fazer filmes ou partes de filmes de forma completamente artificial.
"A Flow coloca tudo no seu lugar", indicou Josh Woodward, vice-presidente das unidades Google Labs e Gemini. O cineasta pode gerar ou carregar as suas próprias imagens e descrever o que acontece a seguir na ação para ver o que quer ser criado. Na conferência, Woodward demonstrou como criar uma cena em que um idoso conduz um carro que voa, porque leva uma galinha gigante no banco de trás.
É uma ferramenta "baseada na colaboração com a comunidade de criadores", afirmou Woodward. Estará disponível para os assinantes dos serviços pagos Google AI Pro (que custa cerca de vinte dólares por mês) e Google AI Ultra, que é lançado hoje nos Estados Unidos pelo preço de 249,99 dólares mensais.
A ferramenta foi revelada no mesmo dia em que a 'mayor' de Los Angeles, Karen Bass, anunciou uma série de medidas para estimular a indústria do entretenimento em Hollywood, depois de anos com o número de filmagens e produções locais a caírem de forma alarmante.
A diretiva da governante pretende facilitar a filmagem em Los Angeles baixando custos e tornando menos burocrático o sistema de autorizações para filmar. "Manter empregos do entretenimento em LA significa manter empregos bem pagos e é por isso que estamos a lutar", disse a 'mayor' numa conferência de imprensa.
Karen Bass e o governador Gavin Newsom estão a contrapor medidas, incluindo incentivos fiscais, à intenção de Donald Trump de impor tarifas às produções filmadas no estrangeiro, algo que se tornou recorrente para os estúdios nos últimos anos.