O Banco Central Europeu (BCE) está em guerra aberta quanto à decisão a tomar relativamente à descida das taxas de juro na próxima reunião, agendada para o dia 24 deste mês. Nesta sexta-feira, Isabel Schnabel, membro da comissão executiva do BCE, afirmou publicamente que os juros “estão num nível correto” e que “a fasquia está muito elevada” para que haja uma nova descida.

Segundo a economista, “só se justifica mexer nos juros se existir um desvio significativo da inflação face ao objetivo fixado para a estabilidade dos preços (2%)”. A responsável, que deu uma entrevista ao canal digital Econostream, adiantou ainda que “o processo de desinflação na zona euro está a avançar conforme o previsto, embora a inflação nos setores dos serviços e dos bens alimentares continue elevada”.

Ainda assim, as projeções de médio prazo para a inflação mantêm-se ancoradas nos 2%. “Face a este objetivo, os juros encontram-se num valor adequado e a fasquia para uma nova descida continua muito alta.”

Em sentido contrário pronunciou-se o governador do Banco de Itália. Fabio Panetta afirmou, também esta sexta-feira, à Bloomberg, que “o BCE deve descer as taxas de juro se as previsões de crescimento económico ficarem aquém do esperado e pressionarem a inflação em sentido descendente”.

Recorde-se que, também esta semana, o governador do Banco da Áustria, Robert Holzmann, se manifestou contra a descida dos juros, alinhando-se com a posição defendida por Isabel Schnabel. “Não existem razões para novas descidas das taxas de juro”, afirmou Holzmann.

Também Mário Centeno se pronunciou sobre o tema no início da semana. Numa entrevista ao Econostream, quando confrontado com a hipótese de, com os atuais números do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro, uma taxa de juro de 1,75% ser acomodatícia, Centeno respondeu: “Lutar contra a inflação, que reduziu a procura, e estabilizar a inflação em 2% já não é o mesmo jogo. Por isso, agora temos de ser muito cuidadosos. Não sei se 25 pontos base serão suficientes. Mas é difícil dizer quer o montante, quer o calendário de novos cortes. Tudo depende da evolução do investimento, do mercado de trabalho e, naturalmente, dos preços.