O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou a extensão até dezembro de 2026 dos dois principais programas em curso com Cabo Verde, acompanhada de novos desembolsos no valor total de 16,6 milhões de dólares (cerca de 14,7 milhões de euros), após nova avaliação positiva das autoridades e políticas económicas nacionais.

A decisão decorre da conclusão da sexta avaliação do programa apoiado pela Linha de Crédito Ampliada (ECF), que permitirá desembolsar 6 milhões de dólares e da terceira avaliação do Instrumento de Resiliência e Sustentabilidade (RSF), que viabiliza um desembolso adicional de 10,6 milhões de dólares. A extensão do programa ECF envolve ainda um reforço de cerca de 10 milhões de dólares à linha inicialmente prevista, elevando o total para aproximadamente 70 milhões.

Segundo a missão técnica do FMI, liderada por Martin Schindler, todos os critérios de desempenho fixados para o final de 2024 foram cumpridos, e a execução das reformas climáticas e de resiliência avança, apesar de alguns atrasos. O Fundo destacou “o desempenho económico robusto de Cabo Verde, impulsionado pelo turismo, pelas exportações e pelo consumo privado”, mas alertou para “a necessidade de acelerar o investimento público para maximizar o crescimento potencial”.

As projeções para 2025 apontam para um crescimento do PIB de 5,2% e uma inflação controlada de cerca de 2%, em linha com a média da zona euro. A balança corrente deverá apresentar um défice de 1,3% do PIB no próximo ano, estabilizando em torno dos –3,5% a médio prazo.

Apesar do cenário macroeconómico considerado favorável, o FMI alerta para riscos significativos, como choques externos nos sectores da energia, turismo e preços alimentares. A instituição insiste na importância de não atrasar as reformas das empresas públicas e de manter o controlo sobre a dívida pública, sob pena de comprometer a sustentabilidade orçamental.

O programa ECF, em vigor desde junho de 2022, tem como foco principal a consolidação fiscal, a redução da dívida e a reforma do sector empresarial do Estado. o RSF, lançado em 2023, procura reforçar a capacidade do país em lidar com os desafios das alterações climáticas, alavancando investimento e políticas de adaptação estrutural.