
Nove em cada dez instituições financeiras usam Inteligência Artificial (IA) para combater fraude e crimes financeiros, com esta tecnologia a ser adotada em todas as regiões do mundo e em vários tipos de instituições financeiras. Mais ainda, 96% dos bancos usam IA generativa para detetar e prevenir fraude financeira. Este é o resultado do Relatório da Feedzai “AI Trends in Fraud and Financial Crime Prevention”, lançado nesta quarta-feira. O estudo baseia-se num questionário a 562 profissionais espalhados pelo mundo e em vários tipos de instituições financeiras, desde bancos a ‘fintechs’.
Os dados agora revelados indicam ainda que 50% dos inquiridos usam IA para detetar esquemas fraudulentos e que perto de dois terços das instituições adotaram o uso de IA nos últimos dois anos. 39% usam esta tecnologia para detetar fraude em transações, seguido de 30% que adotaram esta ferramenta para verificação de identidade e monitorização de transações. Por fim, 29% usam IA para acompanhar a jornada bancária do cliente.
As prioridades para a adoção de IA variam consoante as regiões do mundo, mas a deteção de esquemas fraudulentos permanece em primeiro lugar em todas. Transações fraudulentas e verificação de identidade são outras áreas que captam a atenção dos profissionais do setor.
Do lado dos desafios relativos à IA com os sistemas atuais, 87% dos inquiridos apontam a gestão e precisão dos dados, especialmente com o aumento das transações digitais. 61% colocam a privacidade e a segurança dos dados no topo das preocupações e 59% consideram que dados são a principal barreira para adoção de IA.
Por sua vez, 60% defendem que os reguladores precisam de entender que a qualidade dos dados é essencial para a uma IA eficaz. Neste sentido, 37% apontam para a dificuldade em acompanhar a evolução da regulação como o maior desafio na adoção de IA. Apenas 34% usam consórcios de dados para treinar os modelos de IA, o que pode estar relacionado com as preocupações sobre partilha responsável de dados, teoriza o relatório. O estudo lembra, no entanto, que consórcios de dados dão uma visão mais abrangente sobre os padrões das fraudes e melhoram “significativamente” a precisão dos modelos de Inteligência Artificial.
Olhando para os resultados da adoção de IA, 39% confirmam uma redução de 40% a 60% em perdas derivadas de fraudes e a mesma quantidade de inquiridos indica uma redução de 40% a 60% em falsos positivos. Por fim, 43% reportam uma melhoria de 40% a 60% de eficiência nas equipas.
Contudo, o estudo alerta que a adoção desta tecnologia não vem apenas do lado das instituições. Os criminosos também têm acesso a IA e usam-na para novos esquemas fraudulentos. 60% dos profissionais inquiridos adiantam que a clonagem de voz está no topo das utilizações de IA generativa pelos criminosos, seguida pelo ‘phishing’, reportada por 59%. Em terceiro e quarto aparecem a engenharia social e as ‘deepfakes’, respetivamente.
O futuro do mundo financeiro: 26% tem medo de perder o emprego
A adoção de IA pelas instituições financeiras cria dúvidas na ótica dos recursos humanos. 46% dos inquiridos acreditam que, nos próximos três a cinco anos, a Inteligência Artificial vai substituir uma grande parte dos empregos e tarefas e 33% preveem um impacto moderado, com algumas tarefas automatizadas. Apenas 5% estimam um impacto reduzido da adoção de IA.
15% vão mais longe e apontam para um “impacto extremo”, levando à emergência de novos papéis e ‘skill sets’. 19% dos inquiridos esperam uma aceleração da produtividade. 26% dos inquiridos veem esta evolução de forma mais negativa e admitem receio de perder o seu emprego.