
Os bancos portugueses ganharam 1,6 mil milhões de euros em 2024 com a aplicação de depósitos junto do banco central, segundo dados do Banco de Portugal. O Banco de Portugal pagou, no ano passado, 1,6 mil milhões aos bancos referentes a juros de depósitos, acima dos 1,27 mil milhões de euros pagos em 2023.
Os bancos têm registado excesso de liquidez e aplicam esse excesso de dinheiro nos bancos centrais, pelo qual recebem um juro. Atualmente, a taxa de depósitos do BCE é de 2,25%, sendo esse o juro que hoje os bancos recebem pelo dinheiro que aí depositam. Já no ano de 2024, essa taxa de remuneração foi, em média, de 4%.
O Banco de Portugal justificou a subida dos ganhos dos bancos com aplicações de depósitos no banco central com, por um lado, o aumento desses depósitos e, por outro lado, o aumento do juro médio da taxa de facilidade de depósitos. “Os juros a pagar relativos a responsabilidades para com instituições de crédito ascenderam a 1,6 mil milhões de euros e registaram uma subida que decorre do aumento do volume médio destas operações em 2024 e do acréscimo da taxa de juro média de remuneração da facilidade de depósito”, lê-se no relatório do Conselho de Administração de 2024.
Em março, o governador do Banco de Portugal criticou os bancos pelos juros baixos pagos nos depósitos dos clientes, considerando que a remuneração que pagam aos clientes pelos depósitos deve refletir o que recebem quando depositam parte desses depósitos no banco central. “Não é muito compreensível que haja uma diferença significativa entre a remuneração dos depósitos da banca no banco central e a remuneração dos depósitos que a banca faz aos seus clientes”, disse Mário Centeno, no Fórum Banca.
Então, a Lusa contactou os principais bancos para saber os ganhos que tinham conseguido em 2024 nessa rubrica, mas não obteve respostas. A taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares diminuiu em março pelo 15.º mês consecutivo para 1,69%, o valor mais baixo desde maio de 2023 e o quarto mais baixo da área do euro, segundo dados do Banco de Portugal.
Agência Lusa
Editado por Jornal PT50