
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) reduziu esta Terça-feira as estimativas de crescimento económico do continente para este e para o próximo ano, devido à incerteza global nos mercados, segundo no relatório de Perspectivas Económicas Africanas 2025.
“Por entre choques recorrentes e a incerteza global induzida pelas tarifas [comerciais], a perspetiva de crescimento de África (…) foi reduzida em 0,2 e 0,4 pontos percentuais para 3,9% e 4% em 2025 e 2026, respetivamente”, lê-se no documento – em comparação com as Perspectivas de Desempenho Macroeconómico (MEO, sigla inglesa), publicadas em fevereiro.
Ainda assim, prevê-se que 21 países alcancem um crescimento superior a 5% em 2025 e que 13 das 20 economias em maior crescimento no mundo estejam em África.
Os números reflectem “uma resiliência forjada por ganhos arduamente conquistados através de reformas internas eficazes, diversificação e gestão macroeconómica melhorada na última década”, indicou o presidente do BAD, Akinwumi Adesina, numa nota introdutória.
O 25.º relatório de Perspectivas Económicas Africanas (AEO, sigla inglesa) foi elaborado “num cenário de circunstâncias globais sem precedentes”, acrescentou, considerando o mês de Abril como um ponto de viragem, com “mudanças sísmicas nas políticas comerciais das principais economias, com ramificações significativas para a ordem comercial global”.
Os efeitos vão ter impacto no crescimento de África.
“Os principais parceiros de desenvolvimento anunciaram cortes significativos na ajuda, principalmente por causa de mudanças de prioridades” das suas políticas internas.
Um cenário que “criará, sem dúvida, uma escassez de financiamento para os países de baixo rendimento, especialmente os de África, que dependem fortemente da assistência internacional ao desenvolvimento”, vaticinou Adesina, para referir, logo depois, que África “não é pobre — é um continente rico em recursos, mas subutilizados”.
“África pode mobilizar mais 1,43 biliões de dólares em recursos nacionais das suas diversas formas de capital — fiscal, natural, financeiro, empresarial e humano — para acelerar o crescimento inclusivo e sustentável. Isto excede a estimativa de défice financeiro anual de 1,3 biliões de dólares para que África atinja os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030”, acrescentou.
A chave, tal como referido em relatórios anteriores, reside em cada país alargar a base de receitas, combater a corrupção, conter as fugas de recursos, formalizar o setor informal e aumentar a eficiência das despesas públicas.
“Não há integração enquanto não nos podermos mexer de um lado para o outro”, numa alusão às fronteiras, “ou enquanto for mais barato voar para o estrangeiro” do que dentro do continente, referiu a Lusa.